A cadeira vaga no restaurante
Você nem chegou e eu já consigo imaginar o cheiro do teu perfume perdido por entre o travesseiro da cama e a manga da minha blusa. Hoje você é só essa cadeira vaga no restaurante, mas amanhã, você poderá ser aquele cara bacana de cabelos castanhos que faz piada sobre pratos de comida com nomes estranhos. Já consigo imaginar os caminhos que faremos, os domingos imersos em filmes não-comerciais e regados a muita pipoca e doce.
Já tenho em mente as viagens que faremos, as brigas que teremos e provavelmente todo o tipo de decoração amorosamente clichê, que hoje me parece brega mas que irei amar quando você chegar. Se eu fechar os olhos e ficar em silêncio eu até consigo escutar a voz de Belchior no fundo, embalando nossos beijos e transas perdidos pela casa. Hoje você é só a cadeira vaga no restaurante, mas ainda assim é a promessa de um lugar ocupado no futuro. Você nem chegou e eu já estou com saudades.
Não me interprete mal, não tome minhas palavras como uma confissão melancólica, eu gosto da cadeira vaga no restaurante. Eu gosto de não ter planos para o final de semana, e gastar meu tempo só comigo mesmo e a minha mania de ver vídeos sobre filosofia no youtube. Eu gosto até do silêncio da madruga enquanto eu sei que a porta nunca vai bater, porque sou só eu comigo mesma. Acredite, eu gosto de ser sozinha. Eu gosto de estar sozinha. Por isso, hoje você é só essa cadeira vaga no restaurante da esquina em que eu janto nas quintas-feiras à noite. Mas amanhã não, amanhã você será alguém. Ruivo ou moreno. Alto ou baixo. Não me importa o time ou seus gostos musicais, só me importa que você chegue. E chegue bem.
Não precisa se apressar, amor. Tome seu tempo. Só te peço que não se atrase, logo mais eu vou querer você por aqui.