E por que não?
Somos educadores e construímos nossas trilhas cheias de desafios e obstáculos. Foi sempre assim, desde os primórdios da humanidade. Educar é uma tarefa que contraria. Contraria aos interesses de quem domina, de quem se sente por cima e de quem se utiliza da inocência e ausência de visão que a ignorância propicia.
Precisamos reverter isso! Não é fácil, mas quando optamos por essa profissão, sabíamos, de antemão, que teríamos durante o exercício de nossa arte laboral, muitos embates a enfrentar...
E é possível...
Olhemos para trás: Grandes mestres nos ensinaram coisas com a utilização apenas de suas potencialidades. E percebam! Não havia metade dos recursos e nem do conhecimento que temos hoje...
As tecnologias estão aí e apesar do poderio que elas representam, não estão acima do potencial criativo do homem. São ferramentas auxiliares.
Precisamos minimizar essa dependência e voltarmos a trabalhar com as nossas potencialidades inatas, e que são determinantes na construção do conhecimento. Ficar aguardando melhor estrutura, melhor ambiente, melhor isso ou aquilo não vai tornar menos árdua a nossa jornada...
Paulo Freire não esperou chegar a internet e nem cartilhas para alfabetizar... Ele as criou. Utilizou de suas potencialidades e das realidades locais para tornar o ambiente propício para àquilo que se propôs a fazer. O filosofo Betinho também nos mostrou como é possível atingir o coração das grandes massas. Ariano Suassuna mostrou isso com suas tiradas satíricas do cotidiano do grande povo brasileiro e de forma leve e prazerosa educou e foi educado.
Portanto, minha gente, depende de nós. Façamos o que efetivamente sabemos fazer de bom... A melhor resposta que podemos dar para aqueles que se “acham”, que se dizem “intocáveis” é dotar é criar possibilidades para essa grande massa que se encontra subjugada - represada, alienada de conhecimento, sem consciência do seu valor enquanto cidadão - de ter acesso às universidades públicas. De serem agentes transformadores de realidades.
Esses embates político-filosóficos que travamos enquanto classe trabalhadora, no âmbito interno de classe, muitas vezes sem fontes de referências seguras, têm nos mostrado apenas o poder efetivo da desagregação a que fomos submetidos e teimamos em reproduzir.
Somos uma classe ímpar! De conhecimentos diversificados, de habilidades múltiplas e dotados do mais importante que são os valores humanos.
Com nossas potencialidades podemos construir pontes de conhecimentos, materiais de toda sorte e aplicabilidade de modelos que refletem realidades e mais, inserir nas nossas práticas pedagógicas diárias. Precisamos apenas nos mover. Sair da condição de espectador e desencadear ações. O conhecimento nós temos, o material humano nós temos .... A tecnologia nos ensinaram a utilizar...
Imaginem vocês a poderosa corrente do bem com professores em todos os seus níveis, voltados para reconstrução de pilares que foram “esquecidos” por boa parte da nossa sociedade? Alimentando-se de saberes verdadeiros e solidários, fortalecendo os laços de cooperação e transformando as realidades vivenciadas em situações de aprendizagem para o bem de todos! E por que não?
José Wilson de Siqueira São Thiago