Queirós escreve:
Meu caro filho,
Espero que esta carta vá encontrar você e toda a sua família gozando de saúde e felicidade. Sempre penso em vocês e peço a Deus que derrame suas bênçãos em todos dessa casa.
Recebi a ambrosia e o doce de mangaba em calda que a sua mãe tanto gosta. Chegaram junto com a sua carta, que muito agradeço. Não respondi na hora porque o portador tinha pressa. Quanto às crianças, neste tempo de manga, fruta muito rançosa, são comuns os furúnculos e as cabeças de prego. É bom dar um laxativo de sal de Glauber e passar pomada de basilicão para furar mais depressa. É preciso espremer até sair o carnegão. É dor forte, mas passageira.
Mas a minha carta é para lhe dizer que a sua mãe não está bem de saúde. Há muito vem se queixando. Agora, está com os pés muito inchados e febre alta, que não cede. Está acamada e ainda não acertou com os medicamentos. Sei que ela gostaria de receber a sua visita, pois sempre fala em você e todos de sua família, com muito carinho.
Receba a bênção de seus pais e dê recomendações a todos.
Seu pai, Joaquim.
PS: A correspondência transcrita acima é de Joaquim Queirós, avô de Bartolomeu Campos Queirós, a quem conheci no final da década dos anos cinquenta, possivelmente já setentão, em conversa de fundo de quintal, com os meus pais. Olhos verdes, (ou azuis...?) atracado, calvo até a nuca, fala espirituosa, cronicava nas paredes de sua casa fatos marcantes da vida de sua família e da cidade de Pitangui, consoante narrado pelo neto Bartolomeu, em sua obra: Por parte de Pai.