De Longa Data
Considerei não mais te escrever, mas falhas são nossas percepções e fugazes as nossas certezas. Aqui estamos de novo, entalhando palavras, buscando sentido, questionando as razões da existência humana, respondendo a mesma pergunta no mesmo lugar de onde paramos anos atrás. Sobre perguntas, já poupo o seu esforço: sim, foram anos gloriosos. Trago medalhas e troféus de todas as missões que me foram concedidas, de todos os sorrisos que não foram contidos, de todos os abraços em que fui cingido. Fui mais longe do que imaginava e continuo a passos largos. Não sei o que será amanhã, mas o otimismo é presente. Hoje não tenho mais medo dos desafios. Eles me motivam, me transformam e eu tenho superado todos.
Entretanto, em tanto encanto, a cada canto havia um pranto. A nota perdia o tom, a palavra a rima e eu a amizade contigo. Como se Bruce não mais vestisse seu alter-ego, como se Camelo não conhecesse seus Hermanos ou como se Freddie não tivesse encontrado Mary. Mas afinal, quem é você, Nescio? É por acaso, uma parte doutra, que ainda não encontrei, vagando em mim? Tantas faces, poucas respostas. Se pudesse ao menos se materializar. Podes me ouvir? Escrevo e não recebo seus sinais. Navios passam e Sebastião não chega! Quanto paradoxo! Quanta inconsistência! Até se parece comigo.