Ausência
Minha amiga,
Eu te magoei novamente, eu sei que não parece, mas ainda posso sentir. Por favor, perdoe meu egoísmo, mas desde que a presença do teu calor ficou ausente do meu peito, luto para sobreviver ao inverno me habita pois a luz do Sol que o iluminava já não entra pela janela.
Muitas vezes ficamos estáticos diante da vida, esperando o “momento certo” para tomar uma atitude, mas quase sempre percebemos tarde demais que perdemos o que temos de mais valioso: nosso tempo.
Renato tinha razão quando dizia que temos nosso próprio tempo, a física moderna prova isso. Mas o que não daria para que entre todas as possíveis possibilidades existentes neste universo, pudéssemos viver naquela em que poderíamos nos ver para que eu falasse, olhando em teus olhos, que eu sinto muito.
Mas e agora? Cadê você? Tua ausência me cala, me consome e me mata. Preciso de você aqui! E quando penso em você? Quem vai matar essa saudade? E quando vejo nossas coisas? Quem vai rir das lembranças comigo? E quando chega a noite? Com quem vou ter aquelas conversas filosóficas que só nós entendemos? Quem irá ler os poemas e quem me ajudará a interpreta-los?
Sei que agora você já faz tudo isso com um outro alguém e tudo que espera de mim é a pura distância. Sei que não quer mais compartilhar comigo seus segredos, nem minha ajuda para se reerguer quando cair. Sei que você não quer retornar ao início, ao nosso início. Sei que me pus em primeiro plano e ignorei teus sinais, ignorei você e seu jeito de me dizer o que sentia. E sei que isso é imperdoável, eu jamais vou conseguir me perdoar. Sei que você merece um amigo melhor do que eu sempre fui. Mas ninguém disse que seria fácil, pior ainda, ninguém me avisou o quanto isso seria difícil.
Mesmo após seis anos, ainda sinto sua falta. Ainda quero minha amiga de volta. Sei que isso é impossível e que você está melhor sem mim. Sei que nosso para sempre acabou. Mas isso não me impede de lamentar.
27/03/2019