Músicas do Funeral

(03 de Novembro de 2010)

Eu, dramática, estou analisando cada pasta de música do meu computador, incumbida de achar uma música para o meu enterro. Não, não prevejo o futuro, não sou suicida e não estou com uma doença daquelas assassinas, é só drama mesmo.

Já faz um tempo que as pessoas sonham comigo diariamente, têm pesadelos (contando que só o fato de sonhar comigo já é um pesadelo, coitados).

Enfim, parei pra pensar em como seria o meu enterro, provavelmente enquanto estava estudando, porque só nesses momentos tenho tanto tempo livre, visto que a ultima coisa que faço enquanto estudo, é estudar.

Imaginei a triste cena de umas 15 pessoas, algumas entediadas, outras ligeiramente a choramingar e, pra dar volume, uns 3 gatos pingados desconhecidos. Eu, deitada em um caixão de madeira barata, com um forro branco, usando um all star velho, e um dos vestidos que guardei para festas de 15 anos, as quais eu nunca fui. De quebra, pra dar um charme, o meu maior companheiro: o lacinho no cabelo. Além dos pedaços de algodão totalmente agoniantes, enfiados em minhas narinas.

Bom, situação desconfortável, provavelmente. Ainda bem que não estaria viva para presenciar esta cena.

Então, pra quebrar o gelo, não pode faltar um toque de drama característico de tudo que é feito por: MIM!

Bom, é por isso que estou procurando a música.

Eu pensei em um rock mais pesado pra dar aquele ar de revolta do tipo “Sua idiota, porque você tinha que morrer”, estilo Linkin Park ou algo do gênero, mas acho que ninguém sacaria o clima da coisa. Analisei “With or without you” do U2, que eu costumava cantar na minha banda, e as pessoas se lembravam de mim quando ouviam, ainda que a letra diz “não posso viver com ou sem você” - o que retratava bem o aspecto de 'ruim comigo, pior sem migo'. Só que eu cantando sou bem menos irritante que o vocalista, e como não estaria em condições propícias a 'momentos artísticos de Isabela', não rola.

Comecei a raciocinar um raciocínio raciocinado, até que fui atender o infeliz do meu celular, mas como ninguém falou nada, percebi que não era o toque de chamadas, e sim o despertador. Hora de ir para a escola. Inferno.

Fui naquele ânimo. Já se pode imaginar a minha cara 'amigável', ao entrar na sala de aula, né? Não entendo como as pessoas conseguem ficar tão felizes o tempo todo. Sair da sua cama, da sua casa, do seu conforto, pra ficar trancado durante seis horas em uma sala de aula, ouvindo um babaca falando coisas que você não quer ouvir, que simplesmente não te interessam, e pensando que é você quem está pagando pra ele falar! Aonde já se viu? “Mas não estuda não pra ver o que acontece!”, é o que diz minha mãe, e pelo tom de voz, não quero saber o que é que acontece...