Para alguém.
Vejo que alguém morreu hoje a noite.Era apenas um garoto,com vinte e poucos anos.Ele estava no seu quarto,ouvindo The Smiths.A voz chorosa de Morrisey,e toda aquela lamentação fez com que o garoto tivesse coragem de cometer o tal ato.
Mas claro,não trata-se apenas disso.Existe pequenos fatores,ou que podemos chamar de pequenos detalhes.Aquele perfume de Margarida,grudada do hálito que o espelho(meio que sem querer)guardava com certa saudade.As fotos nos escritores que você gosta:Oscar Wilde,James Joyce,Jack Kerouac.A tua cama...
E o garoto morreu e ficou lá.Ele falou comigo,e me disse pra escrever essa carta pra você.
Ele disse que não precisa se chocar,se a carta parecer depressiva ou melosa demais.Faz parte do show.Ele apenas me disse que tem certas partes que morrem,e que viver é entender que todos nós vamos morrer,e que no meio de tudo isso,surge vários problemas.
A dura verdade,meu bem,é que aquele garoto morreu,mas de alguma forma,ainda respira.E eu não sei se isso é culpa sua,ou minha.
Quem pode saber?
Se tivéssemos as respostas,tudo seria tão banal,mas ao mesmo tempo,a vida sem o seu drama faria menos sentido.