Escrevi-te uma carta, amor

Vou, já há algum tempo, sem ouvir a tua voz delicada todas as manhãs. Saudades do "bom dia", dócil e ingénuo, que me desejavas às terças-feiras. Acordavas especialmente cedo às terças-feiras.

Saudades do teu cafuné, aquele teu toque preguiçoso que fazia-me despertar, e daquele beijo, mais quente que o meu chá matinal.

O teu cabelo, cada fio disperso numa bela harmonia. Lembro-me de sempre acordares com as faces rosadas.

Sinto falta do teu murmurar, um murmurar que cantava fados do vento, e dos teus lábios avermelhados que formavam um sorriso tímido.

Gostavas de me desenhar as sobrancelhas com a ponta dos teus dedos, entre olhos envesgados, e fazia-lo airosa e meticulosamente, sempre com muito carinho.

Careço do abraço em que me envolvias, tão puro e alentador.

Torno-me, por fim, afouto em admitir que me fogem as palavras.

Sinto saudades, amor, sinto imensas saudades...

Kiary Cardoso
Enviado por Kiary Cardoso em 02/03/2019
Reeditado em 17/03/2019
Código do texto: T6587993
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