Dona Angélica
Tem o nome de uma flor e a expressão de todas elas, com seu sorrisso suave, aqui na terra, em uma de suas vidas, nasceu para assistir ao próximo, cuidou de crianças e de animais, com sua ternura conquistava a todos. Era analfabeta, nasceu em uma família pobre, no interior de Alagoas, contudo, sua leitura era vasta, referente à cultura da terra. Além da riqueza de sua alma, repleta de bondade, tranqüilidade, sinceridade, ingenuidade, curiosidade, prosperidade, justiça e humildade. Você foi minha mãe de coração e minha vó de sangue, me ensinou a amar as coisas simples e a temer os temores da infância.
Lembro-me com nitidez quando cantavas as canções de niná; "o boi da cara preta", "o gatinho Murisco"; "dorme dorme doutor Quinho seu soninho sossegado"... e outras histórias de trancoso.
Agora eu falo com a escrita: descanse em paz, Dona Angélica, seu sono não é eterno porque está viva, regressou de onde veio, um dia iremos nos encontrar. Se eu pudesse escolher novamente uma mãe-avó, a senhora seria sempre a minha.
A vida é uma linha inicio meio e reinício, o final não existe, sempre o começo, a senhora está começando uma nova fase ao lado de pessoas que a amam. Eu sei que a senhora amava a vida, e nós nos amamos, estou triste por perder a sua presença física,porém feliz por saber que jamais iremos nos separar, porque o amor que eu adquiri pela senhora não se apagará, esse amor não começou nessa vida, eu sei, mas, ele cresceu nessa existência.
Sua áurea é transparente, em formato de estrela, essa luz não foi só percebida pelos seus familiares, mas também pelos estranhos, mesmo estando enferma, passava essa energia, que contagiava a todos .
Hoje eu gostaria de sonhar com a senhora, amanhã também, vamos fazer um acordo, quando a gente sentir saudade, se recebermos permissão, nos encontraremos em sonhos, até o dia em que a linha da minha vida reiniciar e encontrar a sua.
Beijos, abraços e muito "carinho de mãe" sobre o jarro de lousa que alegrava a sala da sua singela casa, onde nos acolhia com todo prazer.
Te amo. 1930-2004