Quando a música me toca

Boa noite!

Pode ser que você nunca leia essa carta. Contudo, o que mais importa é deixar desabrochar tudo isso que ainda está latente dentro de mim. Lembrei de te endereçar essas palavras que seguem, mesmo que o envio seja em pensamento, ao ouvir aquela música. Aquela, sabe? "The Scientist" do Coldplay.

Lembro que foi você que me apresentou ela e depois disso tomei um amor pela banda e mais ainda por essa música. Lembro que nos melhores momentos nossos ela esteve lá. E, em seguida, nos meus piores também.

Lembra da tarde, debaixo da sombra da mangueira, naquele banco de concreto, as folhas caindo, o vento em nossos corpos, os animais pulando entre as árvores, o jardim com belíssimas flores brancas, que cheguei até a tirar fotos, as únicas que ainda permaneceram em meu álbum, após diversos estágios do meu processo de me desprender de você e de tudo o que representava a relação naquele momento.

Hoje a música tocou e me tocou. Rapidamente lembrei das noites em que arrastávamos o colchão pelo chão, para coloca-lo de frente à janela e enveredávamos pela noite apreciando a lua pela janela. Era um processo de reenergização. Lembrei de uma dessas noites, em que a música tocava, a luz da lua entrava forte, clareando nossos rostos, que contemplávamos por meio do olhar, fixos, brilhantes, profundos, acompanhados de um silêncio que gritava o quando aquela conexão era uma das mais fortes que poderíamos vivenciar naquele instante, que durou uma finita eternidade, ali, sobre a luz do luar.

A música me tocou. Foi gostoso e intenso agora, novamente. Não doeu, não continha mágoas, pouco menos ressentimento ou saudade. Só estava aqui e trouxe felicidade.

E, em mais esse texto, eu te agradeço por todos os momentos que me proporcionaram crescimentos, aprendizagens e felicidades. Eu já me senti amado.

À você, que um dia me fez tão bem!