RECONHECIMENTO

No meu aniversário de dez anos eu flagrei minha mãe brigando com meu pai ao telefone, insistindo que ele me ligasse e me desse ao menos os parabéns. Cerca de 5 minutos depois misteriosamente o telefone toca e ele, “para minha surpresa” me deseja os parabéns: parabéns, feliz 11 anos; eu: são 10 pai. O convidei a uma reunião de pais que teria de início de aulas e ele, como sempre não foi. Lembro que iniciei aquele ano letivo com muito ódio, e no meu primeiro dia de aula agredi um coleguinha...ninguém entendia meu descontrole, na época, nem eu. Nunca entendi pq tamanha raiva, ela me dominava, era estranho. Agressão para mim era normal. Em um desses momentos de surto uma antiga professora, a tia Marta, me levou lá no cantinho do parque, olhou para mim e disse: “senta aqui, vamos conversar.” Você já viu suas notas esse semestre? Aí eu: não! Ela: foram todas altas, e você nem estudou, imagine se você se dedicar?! Você é inteligente Robert, tem um coração lindo, se controle, você não pode resolver tudo no soco. Ela me abraçou e terminou dizendo: se você continuar como está, você vai ser oque todos dizem que você será: ninguém. Domine-se, quando você sentir que irá explodir saia, conte até dez...de primeira instância eu não dei tanto ouvidos assim. Enfim...meses depois eu quebrei a cesta de basquete da escola e agredi verbalmente um professor que veio tentar me disciplinar, e lembro, que enquanto minha mãe vinha me buscar após a expulsão, alguém gritou de lá de dentro: você não passa dos 18 anos, nervoso assim? Matarão você logo. Durante anos todas as vezes que passava em frente ao colégio a voz me vinha a mente. Aos 16 anos fui arrebatado pelo amor de Jesus e da família. Fui apaziguado pela paz que excede todo entendimento em cima de uma cadeira de rodas. Fui adotado pelo Pai dos pais. E sabe de uma? Estou com 24 anos e não morri. Esses dias minha filha tirou fotos para a escola que eu tanto prejudiquei. Ela foi a garotinha propaganda de volta às aulas. E me lembrei de quantas vezes eu iniciei as aulas com ódio. Hoje, nesse início de ano, eu posso iniciar amando. Jesus é bom! Não sou quem deveria ser, mas sabe de uma? Já não sou quem era! Glória a Deus!

Obs: Texto escrito pelo um ex-aluno Robert Ataíde que expressa a dor de sua infância causada na ausência de seu pai.

Fica a dica pra você papai e mamãe sua presença é fundamental.