AQUELA CARTA

Uma pássaro ferido me contou que encontramos o amor de nossas vidas nos sonhos da manhã, aquele último sonho antes de acordar. Mas a memória do amanhecer apaga os instantes da recordação amorosa que perseguimos a vida inteira. A dúvida cruel é saber se existe apenas um amor para cada vida. Um único amor para todas as vidas. O desafio de achar essa pessoa destinada, talvez, não dê trabalho algum para os mais ardentes apaixonados. Essa pessoa pode está sempre ao seu redor, e você sempre soube disso, às vezes você não vê por conta das vaidades e da meninice boba. Pode até ser o seu vizinho, ou amigo de infância. Pois os destinados a se amarem por toda a eternidade sabem desde o princípio. Eles se amam secretamente e um não consegue dizer ao outro a verdade que guardam em seus corações. A linguagem do amor é como um manto de água escorrendo pelas pedras de uma chapada. Basta o silêncio para escutá-las. E o grande encontro desses dois amantes está marcado por um erro que é comum acontecer a todos os humanos. Um deles busca a reconciliação; o outro, afastamento sem causa. O desejo sexual é o ímã que atrai os dois para as núpcias, mas o universo não permite a demora. Dolorosa é a sensação em que eles se afastam novamente. E a roleta do amor gira, gira e segue girando.... Um detalhe: surge uma terceira pessoa para confundi-los. A terceira pessoa é a resposta do mal ao amor que tenta a realização. E devo lhe contar na altura destas palavras que as nossas vidas foram escritas em uma carta e quem encontrá-la primeiro terá em suas mãos a chave do paraíso. A carta da verdade, a qual detém o segredo maior: o esclarecimento da vida. No entanto, busque os sinais mais evidentes. Mas quem são esses dois? A primeira pessoa é você, que só enxerga um lado da realidade, nunca o outro lado. Ainda não compreendeu o mistério? Pois bem, então imagine um filme com esses dois. Com essa história contada, esse desencontro doloroso de duas pessoas que se amam desde o princípio e nunca conseguem; eles não conseguem. E você assistindo a este filme de roteiro dramático, também não consegue o sucesso de entrar pela tela do cinema, muito menos gritar para que eles te escutem e resolvam de uma vez por todas o grande conflito. Sabe o porquê dessa impossibilidade? O roteiro já estava escrito, e uma vez escrito jamais será apagado. Assim é a sua carta, ela acabou de chegar e está em minhas mãos, e eu não sou o autor. A mim foi concedido a sorte de lhe apresentar esses escritos. Eu sou você, um passante da vida, a persona do desejo. Tão logo não demore para perceber. E venha ao meu encontro, com muita coragem, essa é a sua última vida; a última chance, e te darei o nosso verdito final.

Ricardo Neto de Oliveira Mota
Enviado por Ricardo Neto de Oliveira Mota em 21/01/2019
Código do texto: T6556365
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