CARTA À MARIA
Maria! Hoje eu te vejo como nunca te vi antes, como eras bela, e nem o percebia, como era meiga e eu não sentia, como eras carinhosa e eu desconhecia. Que saudades tenho de ti. Como são longos os dias sem a tua presença. Sinto-me perdido sem a tua compreensão e orientação. Meu problemas hoje, são todos de difícil solução, quando tu estava a meu lado, sempre em conjunto achávamos saída para tudo.
Maria por que me abandonaste? Eu não consigo viver sem ti, sem o teu carinho, sem a tua presença. Lembro quando nos casamos, eu jovem e belo, tu mais ainda, apareceste no altar, toda de branco, com véu e grinalda a cobrirem tua cabeça. Quantos anos tivemos juntos! Eles foram para mim, um piscar de olhos, nem os vi passar. Hoje com a tua ausência, os dias são longos, as noites se tornaram infindáveis. Se eu pudesse voltar no tempo, juro que te daria tudo aquilo que não te dei. Mais amor, mais carinho, mais conforto e mais atenção.
Maria por que me abandonaste? Será que eu fui insensível aos teus clamores de mais atenção; ou será porque eu não arrumava trabalho e tudo em casa estava faltando; ou será que te importavas que eu te batesse quando estava bêbado; mas tu sabes do meu problema, eu quando bebo fico louco, não sou eu quem te batia, já te havia dito tantas vezes, era a maldita da cachaça que me desorientava. Há já sei, foi porque eu saia aos domingos para o futebol com os amigos e retornava de madrugada e no dia seguinte dormia até ao meio dia. Há Maria, quantas vezes eu te disse que eu era meio estrambelhado, mas, que eu te amava, que a culpa não era minha quando chegava bêbado, eram os amigos que me colocavam a perder. Como éramos felizes no inicio do casamento, eu tinha emprego fixo, tu cuidavas da casa. A tardinha, quando eu chegava do trabalho, tu sempre estavas me esperando, conversávamos por longas horas, fazíamos amor e íamos dormir. Até hoje eu me pergunto como é que isso foi acabar se era tão bom? Pra mim, foi mal olhado, agouro, mesmos, gente muito invejosa do nosso amor, que botou olho gordo. Ai, eu me lembro bem, a fabrica fechou, fiquei desempregado por quase um ano, tu arregaçastes as mangas e foste trabalhar lavando roupas para fora. Até que eu arrumei trabalho novamente, mas tu não quiseste parar de trabalhar. Continuastes a lavar roupas. Já sei, o novo emprego é que foi a minha perdição, as mas companhias, os colegas de trabalho que sempre após expediente iam para os bares beber cachaça. Foi ai que eu comecei a beber, de inicio um único aperitivo e ia para a casa, depois a conversa ficava boa e eu bebia mais um. Não adiantava chegar cedo, pois tu sempre estavas muito ocupada com as tuas lidas, eu terminava dormindo e, quando tu ias dormir eu já estava roncando.
Quando tu disseste que não me querias mais, a principio, eu não entendi, achei que estavas brincando. Não levei a sério, só percebi de que se tratava no dia seguinte, quando retornei para casa e tu não estavas.
Maria a tua falta foi muito boa para mim, eu percebi o quanto tu vales, e quanta falta tu me fazes. Eu não sou ninguém sem você. Volta Maria, Volta! Eu estou te esperando, já não bebo a mais de uma semana, e não pretendo mais beber.