Síria, terra de dores.
Em segundos as bombas derrubaram nossas casas e soterraram as vidas que estavam lá dentro! Depois de destruírem parte do povo, roubaram o que sobrou das famílias e converteram nossa Síria em um campo de guerra doentio. Não perguntaram se queríamos morrer, dia após dia, por crenças e disputadas desumanas. Em meio ao caos o passado se transformou em ilusão, um tempo remoto em que éramos capazes de sorrir. Hoje nossos olhos já não têm lágrimas! Nossos corpos também estão secos, ressequidos pela fome ou pela dor.
Fomos transformados em sofrimento, respirando a poeira das atrocidades que se elevaram da terra e contemplando, sem ter para onde desviar os olhos, a paisagem manchada de sangue e de corpos. Assim chegou o tempo em que manhã e noite perderam o seu significado e passamos há contar os dias pelas pessoas que partiram e não nos ensinaram a deixar de ama-las. E estando órfão dos amados esperamos nossa vez de sermos atingidos, no que restou de nossos corpos, pela bomba do ódio. Então viraremos pó e abandonaremos nessa terra toda barbaridade que nos sujeitaram! Enquanto isso resta seguirmos como almas penadas que em vida arrastam seus pés de angustia, curvam suas cabeças miseráveis e estendem as mãos suplicantes, desenterrando da aflição dos seus corpos um resquício esperançoso de que um dia alguém enxergará nossa agonia e então virá em nosso socorro.