Carta a um amigo poeta
Estou em séria dificuldade com você. Há poucos dias, fuçando no blog que me indicou – e que ignorei por algum tempo pensando tratar-se apenas de algo dedicado à preservação da cultura do pão de queijo – pincei sua linda poesia. Ficou me parecendo que a disciplina faz parte de sua vida e, sendo assim, depois de dominar a técnica de versejar, esmerou-se em produzir com precisão o que a inspiração lhe proporciona.
Nunca, em tão pouco tempo, tive de ir tantas vezes ao Google para que ele me explicasse algo. Pois você tem o dom cirúrgico de retirar as palavras do nada.
Mas a propósito de que lhe mando esta carta? Ah, sim, é para dizer que fico de queixo caído com suas sutilezas. Rimar bem com tiragem, por exemplo. Coisa da mais fina estirpe, meio Caetano, meio Torquato. Com eles cai bem porque a música tem o poder de destacar a rima à conveniência do autor. Mas é muito difícil na poesia.
E por hoje é só. Agora tenho de ir ao correio. Qualquer dia, passe lá em casa para um café.