Peça vermelha
Quero um amor que eu caiba, sabe? Não precisa ser enorme, gigante, só precisa ter o meu tamanho, ou o tamanho destes que a gente vê funcionando - pessoas se amando tão bonito que parecem as peças de lego de uma criança, encaixa e desencaixa, mas sempre juntas -. E eu, hora sou grande demais, hora sou pequeno, hora me basto, hora não, é sempre fora daquilo que entrego, o meu momentâneo inteiro. Sou aquela peça vermelhinha, já meio antiga, - talvez de outro conjunto - apertada demais ou que simplesmente não firma com as novas, servindo só para embaraçar gente como eu, de tamanhos impossíveis, que querem insistir no amor, pois é nele que descobrimos amigos que, com a mesma esperança - mesmo que pequena e boba -, lutariam por nós, pela ligação improvável. Esperança essa que guardo a noventa e nove chaves para não deixar de acreditar que em algum dia, em algum conjunto ou largadinho no canto, estarei pleno e feliz.