De uma maneira, minimamente, satisfatória
"Homens e mulheres, pessoas e pessoas, no final estaremos todos sozinhos. E. talvez seja bom. É o que nos faz ter esperança e medo e, às vezes, amar uns aos outros. É o que nos mantém acordados à noite e nos faz puxar a coberta pra cobrir a claridade do dia. É a pontada no seu cérebro às quatro da manhã, quando você procura pelo banheiro no apartamento de algum estranho pra botar pra fora todas as drogas da noite anterior. São as unhas arranhando os azulejos, são os meus joelhos apontando pro teto. Amor é uma religião, a negação da morte. Uma descida até a ficção e a probabilidade, a chama de uma vela, uma ponte pro impossível, um louco cambaleando sobre uma ponte. É um sótão antigo com seu cheiro de baratas e morte. É uma estátua de Jesus. É o ápice do sexo. É o sangue no chão. Você vai matar e morrer por isso. Você vai tirar as ataduras e ver o seu rosto marcado de sujeira e suor. Isso te preenche e te esvazia em uma só batida do coração. É a esperança. E a morte da esperança. Amor sem sexo é a vida sem morte. Sexo sem um perigo é Deus sem o diabo. Se você não arriscar ser condenado não pode esperar amar um dia. O amor é o que prende você à cruz, finca os pregos em suas mãos e pés. É a lança que perfura você. É o sangue e a bile que se espalham pelo chão, é o pano embebido em vinagre que pressionam contra sua boca e o espinho cravado em sua cabeça. É a miragem no deserto, o eco em uma caverna. Suas próprias palavras se tornando para zombar de você. É cada grande pintura que você irá ver e o modo como reconhecemos a arte nos rabiscos que o elefante faz com sua tromba.
Lexi."