Carta a DEUS

Querido DEUS,

Está tão difícil por o óculos colorido, para que meus olhos suportem ver cores onde o cinza insiste em sobreviver,
As pessoas, a começar por mim, mentem, não são fiéis a si,
Enfeitam suas vidas porque não suportam a que vivem,
Vivem numa procura insana do impossível, tateando um sorriso bobo, quando bobo já se é, numa procura que não leva a nada,
Procuramos na Poesia a fuga triste para que não olhemos a realidade que fere, que sangra, que dói, que paralisa...
Meu corpo grita o que a garganta não atreve arriscar,
Meus passos encurtaram tanto, que quase louca, aos prantos, busco minha mente para ter a liberdade que tanto sonhei, mas há cadeados, o físico cortou minhas asas, com que asas voarei? A utopia cansa, a realidade é um vômito que não dá para engolir, não adianta insistir, dizer que está tudo bem, para que todos gostem de mim, quando lá dentro, despedaçada, paralisada, meus passos e pensamentos dão as mãos, mas não saem do lugar,
Tento ver longe, perto só encontro o Senhor, nada nem ninguém consigo enxergar no tato, são tantas as palavras vãs, atitudes não enxergo, de ninguém, nem espero, estou calejada há muito tempo,
Mas, olha Pai, essa carta é só um desabafo, de como está  aqui dentro, quer dizer, é só uma pequena amostra, a toda hora pensava em escrever ao Senhor e não conseguia, as palavras não saíam, como meu andar, estavam mancas e doloridas demais, não queria assustar ao Senhor.
Quero terminar essa carta pedindo Tuas asas, ou Teu ombro para que eu continue em movimento, não saberia viver estagnada, sempre fui de dançar nas letras, de correr nas rimas, de cantar nas trilhas e de Te amar mesmo nas dores mais latejantes, insuportáveis, dessa Vida.

Te amo Pai.

Tua Filha:

 
Teônia Soares
Enviado por Teônia Soares em 28/12/2018
Código do texto: T6537172
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.