“Efêmeros - Eternos"
"Efêmeros, eternos"
Roma, 23/12/2018
Sou eu de novo
Sei que há pouco te escrevi
Mas como em todos os meus dias
Hoje me peguei pensando em ti
Senti vontade de contar
Mesmo que não possa ouvir
Foi ao fazer o café
Inevitável não pensar em você
Ao perceber que evolui na cozinha
Não há um só prato que acerto
Que não venha acompanhado
Do pensamento de como será
Quando for dividi-lo com você
Te acordando
Com café da manhã
Ou preparando o almoço de domingo
Os jantares
Que nem sempre serão
De comemoração declarada
Mas serão sempre festa para mim
Não só na evolução culinária
Penso em você a cada vitória
Dia após dia
Sobre mim
Minhas sombras
A cada hábito ruim abandonado
E nos bons adquiridos
Tento não pensar muito em você
Quando caio em derrotas pessoais
Porque sei que isso nos afasta
Assim espero
Pois não gostaria de te encontrar
Antes de estar realmente preparado
Não que esteja buscando a perfeição
Sei das vidas de distância
Mas quero ser perfeito
Dentro do que me propus
Por mim e também por você
Chega ser um paradoxo
As vezes fico confuso
Porque toda melhora conquistada
Faço por mim
Mas o pensamento
Por vezes incontrolável
Sempre me remete a você
Em tudo que evoluo
É como querer
Que também sinta orgulho
Mesmo não estando aqui
Assim
Como eu sinto de mim
Sei que o mundo tem nos levado
Para caminhos solitários
E feito de uma certa forma
Compulsória
Com que aprendamos
A ser sozinhos
Nada mais justo
Ser completo nos liberta
De qualquer compromisso
Com a felicidade de alguém
Cada um responsável pela sua
Mas com sincero interesse
E entrega ao outro
Hoje isso é claro
A todo momento
Em tudo que leio e aprendo
Entendo cada vez mais
A ‘viagem’
Que é
Em sua maior parte
Solitária
Isso foi difícil para mim
Sempre achei que a vida
Só teria sentido com você aqui
Agora vejo
Em tudo
Um sentido oculto
Até mesmo
Em ainda não estar aqui
Porque sei
Além desse mundo
Tem muitos outros por aí
Somos ao mesmo tempo
Efémeros e Eternos
Duas palavras
Com distinção tão grande
Mas que se completam
Efêmero é o passageiro
Impermanente
Da medo
Já eternidade tranquiliza
Acalma
Da coragem
Com ela poderei viver o efêmero
Quantas vezes for necessário
Até não ser mais preciso
Que as pessoas me deixem
Para que eu entenda
Seus reais significados
Confesso que seria perfeito
Se estivesse aqui agora
E que o efêmero
Não servisse para nós
Mas a parte de mim
Que pensa assim
É a parte do menino
Que precisa evoluir
Na eternidade
O tempo não existe
Mas o tempo
Só
É necessário
Me entende?
Hoje estou
Aqui sem você
Não sei por quanto tempo vou estar
Quanto tempo falta para te ver?
Posso te encontrar
Amanhã
No fim mês
Outro ano
Em outra vida
Sei lá...
O tempo é abstrato
Importante
É não tentar adivinhar
Não sofrer com a espera
E nem chorar por não chegar
Chegue na hora certa
Chegue sem ter hora para voltar
Assim prontos
A partir daí
Juntos
Por um motivo maior
Poder lutar
Enfim
Prometo escrever mais
E sempre
Meu amor
São tantas coisas para contar
Assim te protejo de uma falha
Que é não saber escutar
Quando estiver aqui
Me conte tudo
Vida
Todas as histórias
Que eu já sonho em escutar
Uma coisa eu te prometo
Terei todo o tempo para te ver sorrir
E você terá a certeza
De que eu nunca deixei
De de te esperar
Seu Alfaiate.
o sarto