Pequena carta para Jana
Querida Jana, que estejas bem. Queria que estivesses aqui, o dia está meio nublado, de repente, um sol grande se abre e escuto Tom. O quintal está cheio de cor, El niño caprichou este ano. Não paro de ler " A memória do mar", recebi de um escritor de longe. O livro é triste, escrito em versos, fala dos refugiados sírios e do menino que apareceu morto na praia. Mesmo com este ar fresco da manhã e com a música de extrema beleza - bem agora quando minhas flores se abrem para o mundo alegrando o dia -, é possível que eu me faça triste, é o livro, querida Jana, a estória de Alan Kurdi de três anos que se afogou no mar como milhares de refugiados. De repente penso em meus afogamentos cotidianos, nos pensamentos de fuga nas piores horas, e em todas as vezes que vim à tona e sobrevivi, penso, sobretudo, nos resgates, devo a todos vocês, partes do meu coração. Queria tanto que estivesses aqui. O sol ilumina os lírios da paz, bem na frente do meu São Francisco, se derrama morno sobre os coquinhos do chão, então, aproveito para desejar que os pequenos milagres do dia a dia sejam infinitos.
Beijo!
B a t