Debaixo do Sol
Já não me lembro a última vez que recebi tuas cartas. Todavia, o vento não é confiável e as notícias espalham-se na sua turbulenta dança. Por que ainda cativas tua insônia com esta dolorosa angústia? Olhe para o amanhã, não há certeza debaixo do sol. É um ciclo que, em incalculável rapidez, se encerra, uma a folha do verão ao outono.
Posso dizer-te que ainda és jovem e não aprendeste significado do sofrer. Pessoas queridas tem, demasiadamente, vida curta e elas também umedecem os olhos, meu caro. O amor é a essência desse tabuleiro que insistes em jogar, contudo ainda não sabes esquivar de tantos artifícios. É preciso flexibilidade nos ossos para sobreviver.
Indagas temeroso do que será, mas o que é agora? Carpe parece não ter significado sob o jugo do tempo, porém onde está o júbilo da solidão? O meu silêncio consente contigo. Não despreze o abraço que te dei de olhos fechados. Minhas linhas agora são retas, porém tortas; e somente você, Néscio, pode lê-las.