O QUE SE GANHA QUANDO SE PERDE...
Perdi a luta (final) do campeonato mineiro de BJJ 2018. Ganhei uma medalha, simbolicamente de prata. O vice campeonato da categoria Master 2, faixa branca. Foi a única coisa que eu perdi em quase 18 meses. Pois a quase 18 meses iniciei os treinos de Jiu Jitsu com certo receio, medo, acanho e crenças limitantes. (Sou pequeno, sou fraco, sou velho, sou...blábláblá)
As limitações físicas e emocionais não eram poucas. A evolução foi lenta, está sendo lenta. Meu corpo já responde melhor, pois insisti, mesmo depois de achar que ia morrer pela falta de ar, pela fadiga muscular, pela respiração que faltava, pelos estalos na coluna e no pescoço, quando sofri alongamentos que nunca fiz em toda minha vida (tenho 37 anos). Emborcadas, arm lock, 100kilos e outros golpes me fizeram ter a impressão de que meu corpo não resistiria. Mas resistiu e vem resistindo e criando resistência. E o que eu ganhei de lá para cá? Vamos a lista.
Ganhei uma disposição e saúde infinitamente superior a que eu tinha antes de junho de 2017. Ganhei saúde e disposição física e mental. Aprendi muita coisa nova, melhorei minha criatividade no trabalho e em casa. Ganhei um novo corpo, mais resistente, mais massa magra e menos gordura. Ganhei torções, dores, idas a fisioterapia, hematomas.
Ganhei coragem pra muita coisa, onde antes tinha medo. Aprendi a dar cambalhotas, ainda pareço um albatroz voando e pousando, mas já dou cambalhotas. E sei que elas serão suaves em breve, como devem ser. Ganhei amigos novos, um mundo novo, uma nova disciplina que se estendeu pra outras áreas de minha vida. Aprendi limites, conheço meu corpo melhor, me conheço espiritualmente melhor hoje, com a ajuda da arte suave. Aprendi a quebrar paradigmas. Aprendi a exorcizar alguns fantasmas. Aprendi metáforas, a faixa branca é o tempo da paciência exigida pela lenta evolução que vou construindo. Treino após treino.
Hoje foi meu primeiro campeonato, minha primeira disputa esportiva. E não me refiro ao tempo que treino Jiu Jitso, mas a toda uma vida. Nunca disputei nada, nem jogos estudantis. Foi uma quebra de tabu. Foi uma luta interna, mas ousei e provei do gostinho, da energia, da ansiedade, da alegria e da satisfação de estar numa disputa, no meio de amigos e adversários amigos. E depois de ganhar tudo isso, perdi a medalha de ouro e ganhei a de prata. Guardá-la-ei como carinho pelo simbolismo que tem. Ganhei muito e tomei consciência de todo ganho, quando perdi. Gratidão a Deus, aos mestres Flávio Reis e Thales Sapulha, aos amigos de tatame e a família pelo apoio e carinho.
Oss
Gleisson Melo, 18/11/18