As cartas que você não leu - Mensagem de dia dos namorados
Quando eu vi teus olhos pela primeira vez, eu soube que iria ficar perdida para sempre naquele doce labirinto. O som da tua voz, teu sorriso, tudo me fazia acreditar que você era especial, um anjo de luz nesse mundo de sombras. Quando você me beijou pela primeira vez eu chorei de emoção tão logo me vi a sós. E eu ousei sonhar com um futuro – nós dois descalços pela casa, te acordar de manhã com um café, morar no abrigo dos teus abraços. Sonhei risos, sons, cores e deixei meu coração viver a alegria desse amor milagrosamente correspondido. Você nunca me enganou – você nunca disse que me amava, embora dissesse gostar da minha companhia. E eu que já te amava desde aquele primeiro dia em que o vi, me deixava levar a um futuro que poderia ser o céu ou o abismo e ousava ter esperança de que o destino não seria cruel me tirando os sonhos mais doces que havia em minha alma. Foram dois meses e sete dias de uma alegria tão intensa que chegava a ser impudica – e hoje, lá se vão quase seis meses que você encontrou outro amor e seguiu uma estrada que não é a do amor que eu tinha a lhe oferecer. Estou feliz por você. Não vou mentir e dizer que não estou – ver teus olhos brilhando me conforta a alma e me faz saber que a vida ainda tem um motivo. Mas não posso dizer que a saudade tenha dado uma trégua e que as lágrimas não rolam quando escuto a música que tocava no momento do nosso primeiro beijo. Seria mentira, Bambino, dizer que não gostaria de ter uma máquina do tempo para reviver o momento em que eu te vi naquela sala. E o que mais machuca não é o adeus, a separação. O que machuca é saber que eu jamais fui uma opção real na tua vida. Que aquele beijo foi um carinho real de alguém que gostava da minha companhia, mas não correspondia ao amor. Machuca pensar que jamais passou pelos teus sonhos a ideia de um futuro aconchegante ao meu lado. Confesso que eu nunca passei um Dia dos Namorados ao lado de alguém e pela primeira vez isso me faz falta – Quando eu leio homenagens, poesias e todo esse clima de romance pelas ruas, os olhos deixam escapar as lágrimas que em vão eu venho tentando represar na alma. Bambino, o que estaríamos fazendo hoje para comemorar? Uma caminhada? Ouviríamos música? Eu não sei e você nunca deve ter pensado nisso. Eu nunca saberei. Você nunca irá ler esta carta. E apesar de tudo, entre dor, saudade e alegria, a felicidade ainda prevalece: pelos momentos que passamos, pela amizade que restou, pelos momentos que ainda iremos passar, por saber que você existe.
12-06-17