Cartas para Srta. Florbela e Bonjour mon cher
Bonjour mon cher,
Queria poder arriscar mais do que isso, enfim, conte-me, como está sua passagem em Carcassonne. Está visitando muitos lugares e registrando isso, ou apenas se embriagando por garrafas de vinhos? As inspirações não provem apenas desses momentos, portanto, melhor não abusar. Já sabemos como é, não quero que tropece, novamente, em falsos luares. Ou pelo menos tenha compaixão para, numa próxima, lembrar de seus amigos. Trata-se, basicamente, de uma decisão binária: convidar ou não convidar. Modéstia parte, acredito ser, minha companhia, uma dessas assertivas escolhas.
Todavia, querida, diante ao adianto das horas, e dos dias, e dos meses, e até dos anos, só para registrar uma incursão dolorosa do senhor tempo, não tenha pressa, de qualquer forma seremos todos devorados. Assim me resta, diante do descompasso literal, deixar meus mais sinceros abraços e beijos. E, mesmo diante a baixa temperatura e demora em chegada dessa missiva, que ainda os estejam quentes, e recheados, por óbvio, por minha companheira melancolia.
Este papel vai e eu fico, a espera de notícias.