Transformações são borboletas no jardim
Foi meu avô que me disse uma vez que borboletas significavam transformações, e que se eu visse uma no jardim eu deveria ficar feliz. Mas vão vá atrás dela, menina. Deixe que elas venham. Me lembro de dizer ao meu avô que eu gostava de correr atrás delas, tentando pegá-las, porque elas não apareciam sempre. E meu avô, que sempre ria com uma leveza linda, negou com a cabeça, me dizendo que as borboletas sempre estão lá, mesmo que eu não as veja.
Transformações acontecem dia após dia, algumas difíceis e problemáticas e outras tranquilas e doces. Mesmo que a sua não seja como você espera ou pensa, lembre-se que toda lagarta passa por um período de transformação para se transformar em uma belíssima borboleta. E existem tantos tipos! Confesso que mesmo que a ideia de transformação estar ligada a borboletas não tenha me abandonado, a questão de correr atrás delas eu havia esquecido. Passei os últimos anos sedenta por evolução e mudanças, sofrendo a cada rompante emocional e pensando que o tempo estava passando e eu não mudava. Não mudava.
No entanto, tão rápido quanto um piscar de olhos, um belo dia peguei-me completamente diferente da menina que eu costumava ser. Com outros desejos, sentimentos e pensamentos. Uma outra mulher, com novos sonhos e atitudes. Eu havia mudado tão pouco a cada dia que nem havia reparado, até que a mudança foi tanta que eu enfim percebi. Borboletas no jardim… elas sempre estão lá, mesmo que você não as veja. As transformações precisam de tempo para acontecer e nem sempre surgem em rompantes. A transformação de uma lagarta é solitária e discreta; ninguém sabe o que ocorre por dentro do casulo. Da mesma forma, ninguém sabe o que eu passei enquanto mudava e o que você e outras milhares de pessoas passam no dia a dia, em seu processo de evolução.
Então cuida do teu jardim. Lembre-se que as borboletas sempre estarão lá mesmo que você não as veja, e que mudanças acontecem em seu próprio ritmo e mesmo que você não perceba, você está mudando. E você vai mudar. Nada é, tudo apenas está. Mas sem se afobar; é necessário ter paciência com as lagartas, se quisermos conhecer as borboletas.