Desabafo Alcoílico

Estive tão perto da morte. não eu perto dela, mas ela perto de mim. No início do ano quase levou de mim a mulher que amo, agora levou a gata que me acalmava e que tanta paz me trazia. Achei que tava preparado, achei que tinha me preparado. Mas no fim das contas pouco a pouco a morte está levando um pedaço de mim, um pedaço da minha vontade, um pedaço da minha vida . Nos últimos tempos o medo bateu na minha porta, o medo desta que levou um pedaço de mim, o medo desta que quase levou um grande pedaço de mim, o medo desta que por algum momento quase levou quem sempre esteve comigo, quem cuidou de mim e sempre me deu amor.

Está difícil ficar comigo mesmo, o desespero me bate, o medo me bate, a dor de não poder ficar comigo mesmo me bate. Não sei explicar, mas uma coisa puxa a outra, o fato de eu nao enfrentar a dor dentro de mim e que me faz ocupar minha mente o máximo possível pra que eu nao pense nos problemas que na minha volta tanto me machuca, me faz me culpar e o sentimento de fraco vem, me descontrolo, quero gritar, chorar, enlouquecer de uma forma que nem sei escrever o que eu quero fazer. Mas faço isso, fico comigo mesmo, o desespero me toma e mais uma vez distrair minha mente para que isso pare. Nao sei mais o que fazer, faz tempo que digo que não estou bem, faz tempo que minha mente pede ajuda e eu nao atendo ela. Mesmo usando tudo que aprendi depois de todo esse tempo de como lidar comigo mesmo estou num beco sem saída que não sei mais o que fazer, na verdade sei, mas algo dentro de mim me segura, me tranca comigo mesmo e nao me deixa fazer justamente o que que falo pra ela fazer.

Nos últimos anos aprendi muito sobre como lidar comigo mesmo, conversar sobre nada com alguém,. conversar sobre mim com alguém, assistir o nada sozinho e por último voltei a fazer isso que estou fazendo agora, escrever… Demorei pra voltar a fazer o que mais me deixava vulnerável, o que mais me deixava aberto, descoberto sem teto, mas que eu sabia o quão bem me fazia, escrever. Mas mesmo com tudo isso as coisas nao estao melhorando. Assim como na droga, quando eu usava e que o efeito progressivamente durava menos. Essas coisas também estão durando menos. Tempos atrás quando eu desabafava a tranquilidade que me trazia durava um bom tempo, esse tempo está cada vez mais curto, fazer essas coisas me ajudam, mas o tempo que fico nesses êxtase está cada vez menor, por isso digo, (e dentro de mim) grito que isso não está funcionando. A dias atras estava pensando comigo mesmo e que lembrei que sempre sofri, minha mãe apanhava do meu pai, quando ele recebia ela ia atrás dele nos bar para que no mês não ficássemos sem grana pro rango, com 3 anos comecei a ter convulsão depois de um acidente na cabeça, isso durou dez ano. Sempre tive bronquite, me lembro de muitas vezes no hospital, às vezes pelo pulmão que não me dava ar, a vezes pelo cérebro que me tirava fora do ar. Com oito anos, meu tio se matou dentro do banheiro da minha casa. Meu pai recebia e com minha mãe eu tinha que atras dele busca o resto da grana que ele gastava com festa, grana essa que se não chegavamos a tempo o rango do mesmo não teríamos. Desde o 3 anos a convulsão esteve na minha vida, isso durou dez anos, Minhas relações no colégio nunca foram boas, não dizer o pq, Na adolescência toda essas coisas vieram de uma forma que eu não soube absorver, as drogas tomaram conta da minha vida e minha vida nas drogas se tornaram uma só. Três internações depois e aqui estou, limpo depois de 6 anos. Pensei sobre tudo isso dias desses, em tudo que passei e que mesmo depois de ter passado por tudo isso nunca havia perdido a o sentido de ver as coisas pelo lado bom, nunca tinha deixado de ver o copo cheio. Mas de uns tempos pra cá isso não tem acontecido, o copo meio vazio está ali, o lado ruim está ali. Não sei se o fato de ter apanhado tanto depois de todo esse tempo me cansou e agora estou aqui, cansado de tudo, da vida, da estrada que trilhei até aqui, estrada essa que por tantas vezes difíceis, mas que sempre superei, mas que agora eu nao sei dizer, tenho forças? não sei se tenho, tô cansado. Pode parecer que to sempre feliz, que to sempre disposto para o que está por vir, mas acho que só sei disfarçar melhor o que dentro de mim me atormenta. As vezes sinto que carrego o mundo nas costas, é um peso que não sei onde colocar e sinto que cada vez está mais me puxando pra baixo, o peso de tudo pra baixo está me puxando. Tenho que colocar esse peso em outro lugar, sei como fazer, mas mexer nessa panela que a tanto tempo não abro pra outro me traz o medo, me traz a sensação de fragilidade. Esse ano foi foda, sempre fiz coisas para que o copo nunca transbordasse, mas esse ano foi foda, foi muita coisa em pouco tempo e eu nao to conseguindo segurar, nao to conseguindo aguentar. O copo está transbordando por pouca coisa.

Sei o que fazer, tenho medo de fazer, tenho medo de como estou, estou travado, num paradoxo que me faz ficar trancado nesse momento em que minha mente pede ajuda, mas ela mesma tem medo ser ajudada.

Diego D Oliveira
Enviado por Diego D Oliveira em 23/08/2018
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