Ela se foi

A uns cinco anos, minha primeira gatinha chamada Filinha sumiu, sempre tive a esperança dela voltar. Depois de umas três semanas fui na casa do meu primo, que fica no mesmo pátio que o meu. E lá estava ela, junto da sua irmã, toda branquinha, as orelhas tortinhas, parecia uns chifrinhos de capetinha. Tinham aparecido do nada, a peguei no colo, ela lembeu meu rosto, ficou miando e pedi pro meu primo pra ficar com ela, ele disse que não, que se eu quisesse eu levava a outra, pois a branquinha ele queria ficar, eu não quis, queria ela, alguma coisa nela me fisgou, mesmo naquele momento em que eu estava triste pelo sumiço da Filinha, na madrugada daquele dia, meu primo me liga, perguntando se eu queria ela, pois a mesma havia feito côco no sofá dele, (hoje pensando, acho que fez de propósito hehehe) na mesma hora fui buscá-la. Trouxe ela pra casa, mostrei pra Carina, e ficamos decidindo um nome, Delvinha, dentre outros, até chegar no óbvio: Branquela. No início fui muito relutante em amar ela, tinha medo da Filinha voltar e me ver com a Branquela, se sentir trocada. Mas ela insistia em ser minha, dormia comigo, ficava me seguindo, miando pra mim. Aos poucos fui me entregando e ela se tornou uma das melhores coisas da minha vida, seu cheirinho de roupa passada era umas das coisas que eu mais gostava, sua mania de lamber meu dedo, as piscadinhas curtas, como quem diz: Eu te amo. Em 2014 a Carina estava esgotada mentalmente por causa do seu serviço, Branquela passou a dormir na cabeça da Carina todas as noites nesse período. Ficava ao lado do seu joelho e às vezes com as patinhas em cima, quando a Carina fez a cirurgia. Em dias que eu estava doente, não saia pra rua, ficava comigo o tempo todo. Nossa enfermeirinha, chamávamos ela.

A Branquela tinha uma coisa em seu ronronar que me acalmava de uma forma inexplicável, mesmo eu tendo outros gatos nenhum tinha um ronronar como o dela, somente com o dela eu conseguia dormir - e era a melhor coisa dormir com esse ronronar.

Ela me entendia quando eu falava, se eu fosse pra casa da Carina e não avisasse ela antes que iria, quando eu voltava ela me agredia e ficava brava comigo por umas horas. Quando eu avisava ela me lambia quando eu chegava, só não podia encostar na barriguinha de pelanca dela, que dai ela me batia muito. O inverno era a melhor estação, pois a preguiça imperava naquele corpinho todo branco, e daí ela ficava com muito frio e ficava mais dentro de casa e a noite, ela dormia assim como na foto, eu não precisava colocar ela assim, eu levantava o cobertor, ela vinha com seus miados misturado com ronronar e deitava. Amava comer doce, por mais que tivesse no nível máximo de preguiça, se visse a colher pequena rosa se levantava, pois sabia que era doce, mas a fraqueza era Nutela, era tanta que ela reconhecia o pote, eu podia fazer carinho na pelanquinha enquanto ela comia. Normalmente quando eu falava que iria sair pra ela, logo ela já saia do quarto, mas se eu falasse: O papai vai demorar, mas vem pra casa, então espera o papai no quarto. Era batata, ela iria estar me esperando na cama quando eu chegasse. E nas vezes que eu tinha somente dado uma saída, pelo som do carro ela já vinha da rua, correndinha, com a aquela pelanquinha balançando cheio de amor pra dar. De uns tempos pra cá alguma coisa estava me incomodando, sentia isso, não sabia o que era, mas seu ronronar não estava mais me acalmando, pelo contrário, estava me preocupando a frequência do ronronar estava diferente, a levei no veterinário e diagnóstico de felvis, o HIV dos gatos. Isso faz três semanas, em três semanas ela ficou debilitada ao ponto de hoje morrer nos meus braços, olhando nos meu olhos as 5 da manhã. Mas já estava doendo demais ver ela como estava, jamais iria sacrificar ela, não iria contra a lei da natureza. Mas o ciclo se fechou, ela se foi, o tempo dela comigo acabou, talvez outra pessoa esteja precisando mais dela nesse momento, se existe reencarnação, acho que é isso. E agora, só posso ficar com as lembranças, e o agradecimento a ela.

Obrigado por cuida de mim e da Carina

Obrigado Por ter me escolhido seu dono

Obrigado por me amar tanto

Obrigado por ter me dado o sentimento de como é ter uma filha

Obrigado por me esperar em casa antes de eu chegar

Obrigado por ter sido minha parceira nesses 5 anos.

Te amarei pra sempre branquelinda, gorda, gordinha, bilico, gordelinda, lindinha do papai…

Te amarei pra sempre Branquela. Obrigado.

Diego D Oliveira
Enviado por Diego D Oliveira em 23/08/2018
Código do texto: T6427264
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