À você, meu vício
Há quanto tempo não escrevo uma carta, Uma carta de amor?
Eu respondo, há muito tempo! A última deve fazer uns vinte anos. Bom, aí vai a mais recente e intrigante "carta de amor".
Oi amor...
Não sei se devo te chamar assim. Mas como se começa uma carta de amor sem esse Amor?
Entenda, não é fácil para mim falar desse amor pra você, sabes muito bem que ele é insípido, inodoro e incolor demais pra gente. É algo como amar o sol e viver na sombra, adorar o mar e não poder se molhar, querer as rosas e não sentir o cheiro, viver na escuridão adorando o luar. Com isso, posso afirmar que já devíamos ter nos esquecido, pois não há como deixar viver o que não existe. O que são apenas devaneios de almas enlouquecidas pela poesia e pela arte de seduzir e amar. ILUSÃO!
Já se passaram tanto tempo desde o nosso primeiro oi, na verdade, já faz tanto tempo nosso primeiro adeus também. E me pergunto: que loucura é essa que continua nos atraindo?
Sabemos que não há nada de palpável e possível, mesmo assim agimos como dois loucos nessa loucura de amor. E o pior é que isso nos machuca, faz sentir culpados. Eu sou imensamente culpada por isso. E minha alma anda por demais perturbada com esse pecado que é você. Meu vício!
Quantas vezes já disse adeus, e olho para trás na esperança que esteja aí me olhando, pensando em mim.
Tantas vezes deitei com a certeza de nunca mais pensar em você. O dia vem e só quero te escrever.
Tantas lágrimas de culpa e saudades derramadas às escondidas.
Não há explicação para tudo isso.
A única conclusão que chego é que você deve ser meu vício. Meu lado ruím, que devo evitar. Pois é capaz de despertar em mim sentimentos e emoções que não quero alimentar. Atitudes que me deixam envergonhada diante do espelho, mas que confesso, me causam arrepios, desejos e sensações que me causam prazer. Já disse, VOCÊ É MEU VÍCIO!
Vou me livrar de você um dia, eu juro que vou.
Mas confesso que vou sentir saudades, meu vício.