Carta para Liâni
Querida Li
Que esta te encontre bem. Desculpa a ausência de sábado, mas sei que correu tudo bem e foi bem divertido, agora te abraço pelo desaniversário, posto que o dia, mesmo, já passou. Te digo, por aqui tá complicado, a chuva não dá trégua, a faxineira que adiei por mais de uma semana, veio hoje, abaixo d'água, e droga umidade do ar em 92 por cento, que se exploda. O João veio limpar o quintal, ficou lindo no fim de semana, mas com a chuva, bostificou direto, o quintal, não o João. Lianinha, sábado tive uma baita saudade, vontade de ver a gurizada, saudade do nosso tempo legal, dos nossos jeans (que não mudaram nada, isto dá alento), das saias que dobrávamos na cintura para dissipar a ideia de "marias-mijonas", tive saudade até das freiras que enlouquecíamos nas correrias do dia a dia. Bons tempos, querida Liâni, bons tempos de quando não havia perigo e éramos panacas. Quero te agradecer sempre. Tenho saudade das brincadeiras e das fugas da escola, sempre uma freira de plantão, olhos de águia da Irmã Élia hehe, parece que foi ontem. Engraçado é lembrar de ti, em pleno segundo grau, de castigo, virada para a parede. Lianinha, estou p da cara, o aquecedor se detonou, a faxineira, agora, está na cozinha, a vontade é botar para fora à vassourada, nunca termina, detesto este pessoal aqui em casa. Obrigada pelos afetos de sempre. O cara do aquecedor ainda não chegou, é outro candidato a me deixar à beira de um ataque de nervos, sei que deves estar morrendo de rir, tá bem, pode rir mesmo. Li, bateram e fui atender, era o pedinte malucão aquele que dá o truque de ser o carteiro, desta vez o triste nem gritou, só bateu palmas, achei que era o cara do aquecedor, putz, parece pegadinha. Obrigada por todas as ternuras. Nem te contei, pedimos gás na primeira hora da manhã, era mais um a me tontear por aqui, Li tô "garrando" nojo desses caras do gás. Este trânsito humano e flutuante aqui de casa me incomoda, é outra bosta que nunca termina, sempre tem alguém torrando. Obrigada pela mão sempre estendida e o coração aberto. Li, o quintal que o João limpou ontem está cheio de folhas, o Max andou premiando o jardim, o cão é querido, mas faz muita merda. A faxineira foi embora, mas nada do cara do aquecedor aparecer, é hoje que tenho
um siricotico. Nunca vamos nos separar. Li, tenho saudade, acho que é o tempo cinza que me põe assim, melancólica e chiliquenta ao extremo, e vem a vontade de pular a janela e me escafeder para Floripa. Lembrei da nossa comunidade, da nossa república que nunca aconteceu, nem sei plantar direito, gosto de solitude, eu numa comunidade, jamais daria certo, esquece, sou a ilha. Li, tu és o nosso coração, não podes morrer nunca, caso contrário, morreremos junto. Tive que me mudar de lugar, o "chefe" está com a TV a milhão, uma gritaria, por sorte, como sabes, sou tri calminha hehe. São 16h30 e nada do camarada do gás, qualquer coisa faço nossas malas e vamos tomar banho aí. Li, acho que vou ter siricotico, ainda bem que tá fresquinho, 18 graus, e nada do cretino do cara do gás. Liâni, fico por aqui, para ti, vai meu coração.
Goga
b a t