SOBRE SEUS OLHOS COR DE JABUTICABA

Penso e me perco em pensamentos.

Eles tentam me afundar, ás vezes me salvar, entretanto, nos últimos tempos eu já não conseguia sair deste movimento sozinha, então decidi fazer terapia e passar com psiquiatra.

Ele passou um remedinho para me acalmar e me encaminhou para fazer psicoterapia.

Conheci a profissional que iria acompanhar meus sentimentos e devaneios ensaiados. Era uma mulher nova, com seus 35 anos bem vividos, seu corpo magro remetia-me um ar de sobriedade e determinação, seus cabelos com luzes e preto ao fundo trazia uma imagem despretensiosa e sedutora, seus lábios finos e sorriso largo era acolhedor, mas o que mais fascinava-me era seu olhar cor de jabuticaba. Jabuticaba? Sei lá que cor é esta rs! é que olhos dela me faz lembrar uma jabuticaba de tão preto e brilhante...

Bom começamos nossas sessões, toda sexta-feira ás 19h ia até seu consultório para falar sobre meus problemas internos.

Ela sempre começava perguntando como eu estava, como foi meu dia e sobre o que eu gostaria de abordar.

A percebi observando meus gestos com muita precisão e o silêncio a consumia durante minha fala desenfreada e melancólica.

Eu tinha problemas com autoestima, acho que muitas pessoas têm este problema, afinal o nível de exigência em relação ao nosso corpo, nossa vida profissional, afetiva e social é estimulado a ser alto e cobrado sem demora.

Eu tinha 28 anos, tinha cabelos ondulados de fios grossos até o meio das costas, tinha franja, olhos castanho-médio, labios modelados, sorisso tímido,rosto oval, magra e com estatura mediana. Achava-me fora dos padrões, na verdade, não via graça na minha aparência, nos tempos de namoro eu atraia os homens depois uma boa conversa, e claro, normalmente, amigos se apaixonavam.

Ísis, a psicóloga me disse que a beleza não era medida já que eu tinha como referência algo fascinante que eu mesma não enxergava. Achei estranho a forma como falou, mas eu já não poderia delirar achando que ela estaria a fim de mim.

Passou-se seis meses e eu não percebia nada de diferente, eu só me sentia culpada a cada sessão, então decidir não ir mais às sessões. Claro que entendeu.

continuo depois ...

Dayane Dark
Enviado por Dayane Dark em 13/07/2018
Reeditado em 04/08/2019
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