Saudações meu Anjo!

Como eu não percebi antes tanto amor todas as vezes que você me olhava?

Revendo minhas lembranças, aqueles velhos rabiscos no caderno que eu usei por alguns semestres na universidade, encontrei meu nome, escrito com tua letra quase por uma página inteira. Senti um gostinho de nostalgia, eu praticamente me teletransportei para aquela sala de aula, o cheiro da terra molhada, o barulho da chuva lá fora. A bagunça da turma, limitada pelo professor e, suas tantas indicações de livros para ler. Éramos de turmas diferentes, mas sempre nos víamos pelos corredores, você sempre tão gentil, atenciosa. Apesar das palavras serem sempre um: "Boa noite, tudo bem com você?"

Eu sentia um comportamento diferente quando você passava por mim. Teu sorriso era bem diferente daqueles outros tantos sorrisos nos corredores. O seu era adocicado, seguido de gestos ternos e, aquele olhar fixo enquanto eu me ia pelos corredores. Como eu não percebi antes tanto amor todas as vezes que você me olhava? Tantas vezes você me deu sinais de que me olhava diferente, me olhava com carinho, com vislumbre. Teu sorriso era uma forma tímida de acalentar-me. Tantos afagos eu recebi de você nestes semestres da vida.

Eu estava tão envolvido em meus deveres, gostando e, querendo outros sorrisos... Enquanto o teu sorriso era só meu todos os dias. Como eu não percebi antes tanto amor todas as vezes que você me olhava? Você ficava tão ofegante ao me ver, uma timidez aparente. Eu deveria ter percebido todas as vezes que te abracei. Nossa! Como era gostoso o teu abraço, entrelaçavas teus braços em meu corpo e, transmitia de uma forma única, todo o calor do teu carinho. O que eu estava fazendo que não percebi isso? Logo eu que dou tanto valor a estas coisas, talvez seja loucura minha, já faz muito tempo desde que você rabiscou meu caderno, mas juro que senti teu cheiro nas entrelinhas daquela folha de papel.

Como eu não percebi antes tanto amor todas as vezes que você me olhava? Recordo-me teu jeito meio desastrado, ou quem sabe simulavas para chamar minha atenção.

Eu que sonhei com um romance universitário, tive a pessoa mais incrível perto de mim, éramos separados apenas por aquela maldita parede, que dividia nossas salas. Participamos juntos de projetos de extensão, viajamos juntos! Você com suas piadinhas insistentemente buscava arrancar meu sorriso, e por algumas vezes conseguiu. Talvez inconscientemente eu tenha me tornado, dependente do teu olhar. Pois no fundo eu sabia, ninguém me olhava tão docemente quanto você.

Como eu não percebi antes tanto amor todas as vezes que você me olhava? Eu trocaria um milhão de outros momentos felizes meu, por apenas mais um semestre perto de você. Revisar as matérias em que eu perdi tantos pontos, por não prestar atenção nos assuntos de carinho que teus olhos me explicavam...

Eu reprovei nessa disciplina do teu amar, passei tantos momentos focado em outras coisas que não percebi o óbvio.

Você foi tão insistente que me orientou nos semestres seguintes, abriu os meus olhos quando alguém tentava me magoar. Como eu não percebi antes tanto amor todas as vezes que você me olhava?

Eu vi apenas amizade, nos jardins que constantemente floresciam amor. E não importa para onde eu vá, com quem eu esteja... Eu nunca vi tanta sinceridade e, apreço no olhar de alguém, quanto havia no teu enquanto me olhava.

Como eu não percebi antes tanto amor todas as vezes que você me olhava? Eu não quereria aquela aula da saudade, da qual participei antes de concluir meu curso, mas juro que reprovaria em muitas matérias, para quem sabe pagar alguma disciplina na tua turma... E assim, ter teu olhar novamente todo para mim.

E dessa vez eu não apenas perceberia, como corresponderia a todo esse amor que por tempos, você publicou em teu sorriso, todas as vezes em que me viu.

(Hámilson Carf)

Hámilson Karf
Enviado por Hámilson Karf em 08/07/2018
Código do texto: T6384611
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