Vida perfeccionista
Servir-se do cotidiano de forma satisfatória é uma tarefa quase impossível. E são nessas impossibilidades que percebemos o quanto nos fragilizamos com as coisas e nos autossabotamos. Ao adiar uma atividade ou ação por qualquer aleatoriedade presumida no tempo dentre agir e concluído, nos fere e acolhe ao mesmo tempo, criando, assim, um paradoxo humano que conforta, pois, sabemos que adiamos algo que nos afetaria desempenho e preservamos estado positivo por não colher mais estresse, entretanto, também nos resigna dúvidas do que poderia acontecer se tivesse feito e se estávamos certos no previsto ou seria apenas resquícios de paranoias.
Neste introdutório pensar, retorno em dizer que minha ilha, neste meio tempo de quase ausência, sofrera muito com a colheita natural. O mar, onde suas confusas temperaturas aquáticas me banhava com incertezas e belezas constantes, agora, me põe a dúvida se seria capaz de mergulhar novamente em seu leito. O desconhecido e improvável acontecimento me aprisiona mais ao centro, onde, por efeito, me distancio ainda mais de querer comunicar-me e escrever cartas a quem quer que seja. Os remetentes se desfizeram em medo, e até minha própria morada não boias mais.
Isto podes ser culpado dos assobios estranhos causados pelo vento, ou vindos em sua configuração química. Trouxeram em si mais do que gostaria de ter percebido, e, como consequência por sua presença, desastres aconteceram. Os assobios dos pássaros se calaram ao persentir as mudanças nas temporadas apocalípticas. Ninguém sabe o que poderá vir, somente sabem que a ilha ainda existe, mas o que e como, só estudando.
Faço preces aos poderes misticos que possam conter no desconhecido, ainda sem nomes e sem formas, mas que existem, pois, se não, a morte a muito já haveria de ter me capturado.
Sem saber em ternura sentimento, Clara Nuvens.