TRAVESSIA
 
          Por Antonio Fagundes
 
A travessia de uma vida num lampejo de esperança, uma força divina, que ultrapassa todos os limites da compreensão humana, é que não dá tempo nem pra pensar em desistir. 
Um jovem cheio de esperanças e vontade de viver, na flor da sua juventude, queria conquistar o mundo, voar sobre as verdejantes montanhas, velejar nos mares da vida. No bojo muitos sonhos a realizar.
De repente jogado num mundo totalmente alheio ao seu e às suas aspirações, vítima de uma terrível enfermidade, uma lesão medular cervical a qual lhe deixou completamente paralítico, preso num leito de dor, vitimado pelo acaso do destino, do capricho da natureza.
Fora jogado por terra todo planejamento de uma vida voltada a encontrar a felicidade, como tantas por aí tão comum em nosso planeta.
Um jovem de calça jeans surrada e tênis velho, camiseta e livros debaixo do braço, vivia trabalhando duro para manter os estudos, almejando dias melhores para o futuro; toda família apostava no seu sucesso profissional; toda essa ascensão fora dissipada, por uma maldita doença, tirando-lhe os sonhos.
Jogado num frio ambiente hospitalar, preso nas garras da dor, tentava compreender os porquês daquilo tudo? As perguntas perdiam-se nas paredes grossas da incompreensão humana. Foram momentos de angústias, tristezas e solidão, acompanhadas de muitas expectativas e dores intensas, onde a alma gemia num grito latente e cruel.
Foram anos preso nas teias hospitalares, acompanhado dos amigos de infortúnio, bebendo na amarga e comum taça do sofrer de pessoas com seus destinos quebrados, na tentativa de uma adaptação a um jeito diferente de viver; foram tempo difíceis, de sofrimentos e decepções, que a cada dia aumentavam, fazendo da vida um beco sem saída; foram anos de procura por uma luz no fim do túnel. Mas devagar o caos foi dissipando, e fui juntando os pedaços de mim, costurando dia a dia, como uma colcha de retalhos como ou um quebra-cabeças.
Queria entender tanto sofrer, por que comigo e não com os outros?
Na verdade durante todo esse tempo de falta de entendimento, o Senhor Jesus Cristo me amparava em Seus braços.
Lembro-me do poema Pegadas na Areia; quando olhando pra trás a pessoa só vê uma pegada e, então, o Senhor lhe diz:
- Meu filho essas pegadas são minhas, na verdade quem te carregou todo esse tempo, foi eu.
Glória! Aleluia! Esse tempo todo o Senhor Jesus estava curando minhas feridas, aliviando-me as dores, colocando fé em meu rebelde coração.
Comecei a enxergar com os olhos da liberdade: meu corpo estava preso no leito, porém o espírito esse voava livre como uma gaivota que acabara de aprender a voar, e dava vôos rasantes sobre a beira-mar; transformei o sofrer em poesias e vontade de viver buscando os valores positivos da vida.
Depois de quase seis anos consegui fugir do seio hospitalar; sobre uma cadeira de rodas, com o corpo entortecido a mão direita atrofiada em garra e a cabeça caída pro lado esquerdo.
A alma amarrotada pelas ilusões, falsas promessas de amores eternos.
Parti pra luta, cheio de fé e esperança, tendo como bandeira uma caneta nas mãos. Acreditei que precisava encher o  mundo de poesias, colorindo becos, ruas, avenidas e praças.
O mundo necessita de paz, amor e alegria. Então, comecei a fazer minha parte: fui pra vida com a cabeça o coração e a gana de querer vencer.
Peço uma colaboração para que eu possa continuar vivendo e sonhando com uma vida melhor. Preciso de apoio cultural para editar os meus trabalhos literários.
Sinto-me imensamente feliz em poder contar com a sua gentil colaboração.
Peço ao bom Deus que te restitua em paz, alegria e saúde.

Agradeço-te sinceramente.
Atenciosamente,
ANTONIO FAGUNDES DE MELO FILHO
E-mail: fagundestoni@hotmail.com

Tetraplégico há 29 anos
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"A alma generosa prosperará e o que regar também será regado". Pv- 11-25
 
Valdeck Almeida de Jesus
Enviado por Valdeck Almeida de Jesus em 04/09/2007
Reeditado em 04/09/2007
Código do texto: T637843
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