PERDAS

Os caminhos bifurcam-se pelo destino à medida que os sonhos ainda intactos se espalham pelos olhos lacrimejantes causados pelos fracassos ainda em festa.

O barulho frenético das perdas parece enlouquecer as resistências remotas de cacos de esperança.

Não há sol que possa aquecer esta mente gélida, incolor que prefere o coma de possibilidades a navegar livremente neste mar de tristezas, mergulhada na incapacidade de continuar ou de renovar ou de criar um estímulo, mínimo que for, para tentar recarregar os neurônios do impulso para a próxima estação.

Realmente está tudo muito confuso, ou melhor, esta quietude de sentimentos vem provocando uma perda dos sentidos, um enfraquecimento quase que letal das faculdades do bom senso e, com isso, a loucura do não querer desejar se agiganta.

Se não deseja, não busca e se não buscar, aquieta.

Aquieto os meus sonhos.

Aquieto o meu olhar no amanhã.

Aquieto a minha alma neste único lugar.

Já sinto o odor do apodrecimento de ideias antes tão cheias de vida.

E acredito que esse quadro fétido se instalou graças ao acúmulo de perdas de todo um tempo, perdas que fizeram com que este dia, todo este dia ficasse nublado, ficasse frio, ficasse sem cor.

As perdas me levam ao feio.

As perdas me levam à impotência.

As perdas me levam à imperfeição.

As perdas...

All Xavier
Enviado por All Xavier em 23/06/2018
Reeditado em 23/06/2018
Código do texto: T6371909
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