Porque eu comecei a escrever ?
Comecei a escrever porque não conseguia falar de mim. Sempre fui boa ouvinte, mas nunca conseguia colocar ou expressar as minhas verdadeiras agonias. Eu simplesmente não sabia confiar nas pessoas. Acreditava que elas iriam julgar o que aconteceu comigo. Talvez me minimizar pela minha história, ou me tratar de um jeito diferente. Na época de maiores agonias, me lembrei da caneta e do papel. Comecei a rabiscar palavras aleatórias em caixa alta, com raiva, frustração e/ou medo. As palavras se transformavam em textos, que tinham suas lacunas preenchidas por lágrimas, enquanto eu escrevia. E relia. Lia novamente. Parecia que isso ajudava a superar e seguir em frente. Mas era um band-aid. Meus pensamentos foram ficando mais solitários e minha mente mais rápida. Comecei a precisar do computador para acompanhar meus pensamentos. Então senti a necessidade de que mais alguém soubesse o que eu estava passando. Mas não alguém conhecido. Um desconhecido. Alguém que talvez se identificasse e me desse uma palavra de conforto. Mas, no fim das contas, foram as minhas palavras que acabaram abraçando milhares de pessoas, desde que decidi me expor. Encontrei pessoas aleatórias que me disseram coisas bonitas também. Passaram por mim pessoas que me contaram suas histórias e eu traduzia o que eles sentiam. Encontrei amigos. Foi aí que eu descobri que a escrita não era só colocar a raiva ou a frustração pra fora. Era amor. É amor. É a minha vida. É o que eu mais sei fazer. Traduzir os sentimentos em palavras. É uma forma de tentar colocar ordem na desordem da vida om palavras.