Para Matheus ler
Sabe aquele medo imenso de perder alguém na vida? Possivelmente você já sentiu. E eu senti - de novo - hoje - agorinha mesmo. Talvez você entenda. A imensa necessidade de ter alguém ao seu lado, em poder em qualquer parte do mundo, mas só desejar estar numa cadeira do lado dela. Há quem diga que seja drama. Eu prefiro dizer que essa intensidade é o que nos mantém.
Por um minuto eu gostaria que você se olhasse pelos meus olhos. Que se percebesse como eu te vejo. Que suas tatuagens não me assustam mais. Que sua insegurança não me diz que você não é forte. Que suas crises só me contam sobre sua humanidade.
Mas o seu "só ataque de pânico" me assusta. Não pelo ataque. Mas pelo "só". Você não percebe mesmo? Não percebe o quanto se esforça para não iluminar? O quando anula sua amabilidade apenas para que esteja certo sempre? Isso não me engana mais. Só enganou no primeiro dia. Eu entendi o jogo.
Estou pronta, querido. Pronta para te mostrar seu imenso coração. Se coloque atras das câmeras, atras das lentes e de todo seu conceito determinado sem nenhum embasamento e veja. Veja essa criança de sete anos que não sabe o que fazer. Que deseja a aprovação. E não se constranja. Não seja tolo. Todos temos um pouco disso.
Veja como você é lindo. Seu carinho ao segurar sua prima que acabou dormindo. Sua doçura ao dizer que tem medo de não amar mais ninguém como era antes. Seu péssimo hábito de misturar sequilhos e iogurte. Mas não é só isso, não é mesmo? Seu exagero em tudo. Em querer sexo sete dias por semana e se possível com vinte pessoas diferentes. Se possível juntas. Seu exagero em ter o melhor corpo, ou caso contrário, quem te aprovaria? Sua mania de achar que todo mundo está errado no trabalho, mas no fundo nem considerar que o erro pode estar em você. Em assumir sua imaturidade e não dar passos muito firmes em reverter essa situação.
Eu vejo tudo isso. E não signifique que eu veja tudo de você. Você é muito maio que isso tudo. Maior que seus próprios hábitos, seus próprios dogmas. Você diz que é assim e pronto. Mas no fundo pede ajuda para caminhar. E nada que fizesse poderia me causar maior orgulho. Me alegro que queira crescer. Que queria ir adiante. Ainda que não saiba como. Ainda que não saiba o porque.
Mas a gente resume isso em frases clichês que você insiste que já viveu. E me vejo buscando novos clichês para você. Como este aqui. E como todos os outros que estão por vir. Mantenha-se firme, meu querido. Não me incomoda que nesse momento eu seja sua guru. Não me machuca o fato de nos amarmos a longas distâncias e de nossas dúvidas se isso tudo daria certo na proximidade. Eu tenho os mesmos medos.
Era para ser um texto sobre você. Mas já começo a me confundir. Acho que não sei bem separar. E não me importa. É um sinal de que eu também já me vejo um pouquinho nos seus olhos.
#paramatheusler