Misty
É que você me deixou um vazio tão grande, tão fundo... Que é como se eu já não soubesse mais quem eu sou.
Porque eu não sei se há no mundo, no mundo todo, inteirinho, outro indivíduo que cante Misty, bêbado pra mim: no bar (bem baixinho), ou na Avenida Paulista ( 11 graus no termômetro).
E isso dói.
Dói que não haja mais um tempo que pare.
Agora ele só vai correr, e correr. E passar.
E eu vou só envelhecer. Endurecer. E morrer.
De morte” morrida” mesmo. De tédio.
Não de morte matada, porque eu não tenho vontade de sair na rua e correr o risco.
E tampouco a sua coragem, de finalizar as coisas, por minha própria conta.
Eu vou ficar assim: Nem bem nem mal, apenas “indo”.
Sabe quando dizem: “_ E aí, como você está?” e a gente responde “ _ Indo.”
Então, é isso.
Vou permanecer “indo”.
Sem saber para onde, sem saber por que.
E pior, indo, sem ter com quem.
Porque o alguém era você.
Perdi meu par, minha tribo, minha aldeia. Meu igual. Você.