Misty

É que você me deixou um vazio tão grande, tão fundo... Que é como se eu já não soubesse mais quem eu sou.

Porque eu não sei se há no mundo, no mundo todo, inteirinho, outro indivíduo que cante Misty, bêbado pra mim: no bar (bem baixinho), ou na Avenida Paulista ( 11 graus no termômetro).

E isso dói.

Dói que não haja mais um tempo que pare.

Agora ele só vai correr, e correr. E passar.

E eu vou só envelhecer. Endurecer. E morrer.

De morte” morrida” mesmo. De tédio.

Não de morte matada, porque eu não tenho vontade de sair na rua e correr o risco.

E tampouco a sua coragem, de finalizar as coisas, por minha própria conta.

Eu vou ficar assim: Nem bem nem mal, apenas “indo”.

Sabe quando dizem: “_ E aí, como você está?” e a gente responde “ _ Indo.”

Então, é isso.

Vou permanecer “indo”.

Sem saber para onde, sem saber por que.

E pior, indo, sem ter com quem.

Porque o alguém era você.

Perdi meu par, minha tribo, minha aldeia. Meu igual. Você.

Patricia Petta
Enviado por Patricia Petta em 23/05/2018
Código do texto: T6344228
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