Carta à democracia
Belo Horizonte, 20 de maio de 2018
Querida Democracia,
Faz tempo que eu não te vejo e bateu uma saudade tão grande!
Lembra de quando éramos jovens e sonhávamos dominar o mundo? Tudo fazia tanto sentido na minha cabeça que nem sei mais explicar como acabou tão rápido.
Começamos na Grécia e você sumiu! Eu também sumi, devo admitir...
Mas é que eu pensei que tivesse morrido depois de todos esses anos, até que ouvi falar que você andava escondida em alguns países ao norte da Europa. Espertinha você, hein?
Eu também tenho andado foragida por aí, sem lenço, sem documento... Não se pode mais aparecer em qualquer lugar.
É, faz tempo que eu não te vejo querida. Aqui no Brasil não posso mostrar as caras e sou taxada de antiquada! Creio que você também seria. E sabe qual o pior? Ouvi falar que muita gente anda se passando por nós.
De qualquer forma, quero te lembrar que ainda há chances para nós, e eu te esperarei até a morte.
Abraços,
Justiça