Meu grito
 
Eu tenho um grito preso na garganta. Uma dor na alma, que sufoca, que parece me matar aos poucos. Preciso muito me livrar desse grito. Mas o grito é como uma canção, às vezes, triste ou alegre, às vezes de dor ou emoção. O pior é quando só se consegue gritar em silêncio, porque eu nunca aprendi a expressar a minha dor. Nessas horas, a minha melhor companhia é a solidão, e o desejo de estar só, no meio do nada, me domina. Longe dos meus algozes, quem sabe eu lute contra a minha culpa e vença meus medos. Quem sabe alguém seja capaz de me ouvir? Quem sabe encontre alguém disposto a considerar os meus argumentos. Estou pronto a reconhecer os meus erros, mas me nego a me condenar, principalmente, sem merecimento. Meu pensamento me acusa. Meu coração levanta-se em minha defesa. Quem dera eu pudesse me transportar para o deserto, eu não não correria o perigo desse grito explodir dentro de mim.

Não é um grito de raiva, nem de desespero. É uma de dor silênciosa que machuca sem doer, apenas magoa, mareja os olhos e deixa escapar uma única lágrima, tão solitária quanto a minha dor.

Meu grito se perde no silêncio e eu tento repousar na brisa dos meus pensamentos para permanecer sóbrio e não me permitir uma reação adversa.

Meu grito vai continuar inaldivel, minhas lágrimas serão contidas. Estou só, e não por isso que tenha que chorar, nem implodir. Afinal, se eu gritar ou deixar de gritar, se doer ou deixar de doer, quem vai se importar com a minha dor?
Minha minha dor não será finita, nem meu grito será publico... como este texto.