Não me desculparei, pois, assim, salvar-me-ei
______________________________________________(20/04/2018)
Um dia, alguém questionou-me do porque meu agir dava-se de certo modo. Não o soube responder, pois, por mais que eu tivesse acesso as minhas informações, elas não estariam sistematizadas e organizadas. Não é como visitar ao shopping pela primeira vez, encontrar o guarda e pergunta-lhe onde está o cinema ou a loja de doces mais próxima ou, ainda, dar de cara com o mapa e informar-me.
Não contentando-se com meu reagir, chamou-me de coração de pedra e naufragou. Com aquele adjetivar, petrifiquei-me sem hesitar. Consolidando minha sentença em perdê-lo. Ações insignificantes, que ecoam-me até agora. Orgulhosa, me desfazia de outro, redefinido, colega. Sem dá-me gozo em calcular o que subtraía-me. Senti-me ofendida por sua invasão e busca por satisfações. Definia-me como dona de mim mesma, o restante era bônus.
Para mim, fora como alguns exemplos que dispunha, e estavam entulhados e amontoados, soterrando memórias e lições importantes. Todavia, quando necessitava de um referencial, ele quem as fisgava. Ajudando-me estabilizar nos colapsos emocionais e racionais. Estava sempre de plantão, pronto para suturar meus estilhaçares. Foi como uma casa perder o baldrame.
Quando o anarquismo se fez presente, precisei eleger um novo estado. Entretanto, estava conscientizando-me dos males de estar sujeita a outro. Então levantei uma nova bandeira e proclamei independência. Revoluções sindicais surgiram por todo lado. As mudanças pareciam ruins, pois, tiravam os direitos de muitos e os forçavam a trabalhar. Os auxílios do estado velho foram perdidos, logo foram reformulados e adaptados. Muitos gritavam pela volta daquela, hoje, considerada, ditadura. Consegui perceber minha alienação aos poucos ganhos e suas investidas cirúrgicas em eliminar e censurar meu pensar.
Não gostaria de voltar no tempo e tentar descrever-me-á. Fora o circunstancial que me deu o esvaziar do cálice, a terceira visão. Hoje, estou forte para perceber o meu eu e aos outros, e não simplesmente receber um relatório e, se simpatizar-se com meus supostos planos, acata. Não posso desconsiderar a importância significativa que teve para manter o funcionar e perdurar de meu eu naquele tempo; hoje, está obsoleto. De certo modo, sinto-me grata, no entanto, não o quero de volta. Posso descobrir que deixei o espaço de sua viga no lugar e só me disfarcei de poderosa. E tão pouco quero descobrir o que foi que aconteceu. Não gosto de viver do passado.
Atenciosamente, Clara Nuvens