De um peito que sangra
Quanto deslumbre havia em meu olhar de ver o teu rosto em riso. Mas quanta dor transborda em meu peito como um rio de sangue pelo velho Egito. E apesar de tudo isso, ser feliz ao te ver feliz, é meu acalanto.
Um dia, perdi-me nos teus olhos. Era doce te ver. E aquele olhar me tocava ardente, como o fogo na ponta de um tição em chamas, queimando a palha fria da minha indiferença e me fazendo virar fumaça em tua frente. Aquela sensação, talvez indescritível, invadiu meu corpo me fazendo suar, tremer e principalmente sonhar com você em meus braços.
E até que em alguns momentos eu tive a delícia de sentir o gosto dos seus beijos, abraços e aconchego. Mas era fugaz. Não se enterneceram os teus olhos ao encontro dos meus. Não suaram tuas mãos e nem tremeram tuas carnes ao encontro do meu corpo como o meu ao teu. E a tua alma vadia, que permeia corações ingratos, pouco caso fez da minha.
Assim, quando vejo partir para longe de mim, o meu coração pulsa, minha alma desmancha enquanto meu peito sangra. É como se em uma moenda, uma prensa ou sob um rolo compressor, todos os pedaços do meu corpo em frangalhos se fizessem. E eu me desintegro em dor e ilusão.
Se não podes entender o que sinto, oras, me acolha como palavras de fantasia de criança e me deixe cá a te ver sorrir em tuas alegrias, enquanto meu coração se aparta da esperança.
Fica em paz,
Vou-me indo...