DEPOIS DE QUASE DOIS ANOS
Depois de quase dois anos eu te vi. Numa situação inesperada, inusitada, programada com no máximo 1h de antecedência e ainda sem entender o que estava acontecendo.
Entrei naquele chuveiro correndo, mas paralisei. Vi meu rosto no espelho, diferente daquele tempo, mas se fundindo nos meus pensamentos com o antigo “eu”, me revendo com aqueles cabelos longos, e aquela ansiedade de te ver novamente... O que era rotineiro.
Passou-se um filme pela minha mente, e pude lembrar de algumas coisas que já não me recordava mais, talvez pelo sofrimento demasiado... Aquele sofrimento de querer esquecer e não conseguir, talvez...
Corri para aquele guarda roupa organizado, e baguncei tudo!
Coisa que não fazia há tempos. Não queria nada que fosse “demais nem de menos” e lembrei inclusive as roupas que eu usava na época, que lembro-me de você até hoje quando coloco elas. Mas naquele momento, nada estava bom!
Ok, resolvemos nos encontrar para uma reunião para me ajudar no trabalho, mas.. Assim? De repente?
Eu mal podia acreditar! Já achava que jamais lhe veria novamente. Depois de tanto pedir e insistir, vi que não importasse o que eu falasse, você não viria. De repente, me veio uma lembrança de dois anos atrás quando você também me ajudou quando precisei..
As vezes chego a pensar que você se sente mais feliz nesses momentos me ajudando quando pode.
De repente estávamos rindo dentro do carro; como amigos, lembrando algumas pequenas coisas do passado... Entramos em qualquer restaurante japonês para não ficar sem ter onde sentar, e ali tivemos um instante como antigamente... Bons tempos.
A vergonha de se olhar nos olhos por muito tempo prevalecia, desviávamos com frequência.
Senti falta de não poder sequer te abraçar, chegar mais perto.. Como antes. Me arrependi quando chegou a hora de me despedir ao chegar em casa. Vi você me dando um abraço, meio sem graça e instintivo, mas diferente de antes...
Aquela energia confusa do passado enterrado dentro de nós... Com o conturbado presente de nossas vidas.
Passei a noite agitada, a ficha não caiu. Mas como? De repente...
Só de fechar os olhos eu vejo você novamente naquele restaurante misturado com lembranças de dois anos atrás...
Ao mesmo tempo foi um presente, era algo que eu achava impossível.
Até você me falar “estou pensando em ir para o Sul mas nada certo ainda. Quero sair desse mundo pois estou enlouquecendo!”
Meu coração apertou, os lábios se contraíram e eu engoli aquela saliva seca de impacto.
Fingi que estava tudo bem, que torcia por ele realmente mas por dentro eu gritei “porque meu Deus?”
Sendo que há quase dois anos não via nem sua sombra...
Mas sabia que você estava perto de alguma forma.
Os problemas derrubaram o cara que conheci... E o sentimento que você mal sabe totalmente me derrubou junto.
Ficar sem ter um contato sequer os dois não consegue por muito tempo.
Mas ter contato direto vai indo que surge um sentimento de culpa nos dois...
Minha mente através de todas essas emoções se encontra contuebada enquanto se pergunta inquietamente: isso foi uma despedida?
Um recomeço? O fim? Uma ilusão?
Depois de quase dois anos com sentimentos enterrados porém intocáveis.
Senti isso que não perdeu intensidade alguma quando olhei nos seus olhos mais uma vez, naquel e vagos segundos...
Aquela saudade do passado...