Querida Alice quanto tempo não ouço falar de ti, desde o dia que minha infância decaiu e me vi adolescente sonhando com príncipes encantados.
Muito pequena te encontrei, por acaso, em um livro deixado por uma das minhas irmãs. Ao ler, um mundo encantado se abriu para mim.
Foram tantas às vezes, que viajamos juntas, tentando escapar da Rainha, que no final fantasiaste meus sonhos de fuga daquele país que nada tinha de maravilhoso.
Sempre gostei do coelho, mas o achava muito confuso e na infância não se gosta muito de coisas confusas. O Chapeleiro me impressionava, quando dizia que você era louca. Ele não sabia que quando se é criança, as coisas absurdas são normais.
Enfim voltaste. Encontramos-nos de novo. Agora, meus sonhos já estão vividos e os fantasmas que ocupam a minha mente, devem ser enfrentados. Não mais procurar saídas em labirintos aonde nunca se chega ao final.
A importância da Rainha diminuiu muito, pois sou capaz de enfrentá-la com as armas que adquiri atravessando os túneis da minha vida.
Quero te dizer Alice, que você me ajudou muito nos meus medos e incertezas, principalmente viver o possível, sabendo que o impossível não existe.