Carta "In Memorian"

As vezes vem pensamentos que se não aterrizam em uma folha voam para eternidade.

Por isso alinho as palavras que o representam, mas para mim elas são rebeldes, sem harmonia, é plural em desacordo com singular, regência verbal do futuro do pretérito falando no presente, "para mim fazer" está certo, pois sou lá do norte do Paraná. Aprendi nas madrugadas das feiras da rua Santos, com descendentes nipônicos e germânicos misturados aos italianos e aos caboclos dos arrabaldes de Londrina, esta pluralidade tão singular.

_ Patroa, leva uma dúzia de ovo! _ Minha mãe corrige, mais para mim do que para o feirante _ ovos _ mais adiante o italiano engraçado faz seu comercial- "Aqui moça bonita não paga, mas também não leva". _ O japonesinho comedido, oferece a alface fresquinha,_ Apanhada nesta madrugada, freguesa.

_ Oi conterrânea, hoje temos rapadura e queijo fresquinho lá da nossa terra. _ Diz o mineiro, conhecido de tantas outras feiras.

A minha mãe vai enchendo o carrinho de feira, quiabos, alfaces, tomates, couve, taioba não, esta temos em casa. Se não tem rapadura, levamos melado, farinha de milho, mandioca, cará, as vezes.

Evitamos as frutas de fora da época, que estão com preços abusivos, levamos caquis chocolate, abacates e laranjas.

Minha mãe não era de pechinchar, mas evitava os preços abusivos, aproveitava as ofertas de ocasião.

Um bom presente para ela foi o carrinho de feira, que aliviava o peso das sacolas de feira.

Não ia de carro, ia de carrinho de feira.

Defranco
Enviado por Defranco em 28/12/2017
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