Meu pai e as 29 cartas de dezembro. Dia 26 de dezembro
Oi, Pai.
Estou cada dia maos sentindo sua falta, passamos do natal de 2017, oficialmente o primeiro sem o senhor, sei, está no descanso, gostaria demais que não passasse de um sonho ruim, que, eu, acordasse e pudesse ter o senhor aqui.
Sabe, estou com 38 anos, saiba que mais da metade da minh vida até este momento, passei vivendo ao seu lado, sai de casa com 26 anos ou seja foram 26 anos vivendo em sua companhia.
Em 2008, minha esposa estava grávida e eu tinha torcido meu pé, como sou deficiente, fiquei numa cadeira de rodas.
Minha esposa foi levar os documentos na empresa em que eu trabalhava, lá ela passou mal e foi levada para maternidade, eu, em casa, com meu filho mais velho, que na época estava com um ano e sete meses, só soube do ocorrido horas depois, minha mãe, nos levou para sua casa, meu filho e eu.
Quando já era madrugada, senti falta do menino e vi o reflexo da TV, lá estavam o senhor com ele.
O senhor estava, deitado no sofá com o corpo de lado e dobrava as duas pernas, fazendo como que um quadrado, onde colocou um travesseiro e ficou a cabeça de meu filho e ele todo encaixado naquele espaço confortável e seguro.
Perguntei se estava incomodando e o senhor disse que não, aquela imagem, me remeteu ao tempo de infância, quando, eu, ficava naquele espaço.
Nunca fui católico, já, mamãe e o senhor sim. Então, escolhi, vocês dois como padrinhos do meu filho.
Desde o batizado, o senhor se tornou, meu pai e meu compadre, avô e padrinho.
Poxa, o senhor se foi muito jovem, aos 71 anos e me deixou um adulto órfão.
Te amo e as cartas vão continuar.
A de amanhã contará uma história bem única, inesquecível e emocionante. :(