CARTA PARA O PRISTIQ ( com cópia para o meu neurologista)

Querido PRISTIQ

Quero pedir desculpas por tentar abandoná-lo.

Sem você descobri que sou uma pessoa muito sem graça e admito que preciso de você.

Vou contar coisas que você não sabe ao meu respeito :

Coisas que me disseram e eu acreditei.

Me disseram que eu era feia.

Me disseram que eu tinha que ser muito responsável.

Me disseram que tinha que ser escrava do trabalho.

Me disseram que eu era gorda.

Quando disseram que era feia esqueceram de olhar para o meu interior, eu na minha ignorância, dei importância demais, e isso afetou minha auto estima.

Quando me disseram que teria de ser muito responsável, esqueceram de dizer que não poderia deixar de viver bem com os outros e me divertir. Isso afetou minha liberdade.

Quando me disseram que deveria ser escrava do trabalho, esqueceram de dizer que tinha que respeitar a capacidade de trabalho dos outros, que nem todos são iguais. Isso me tornou ansiosa e prejudicou a minha criatividade.

Quando me disseram que era gorda, esqueceram de me mostrar que existem outras coisas que nos dão prazer além da comida. Isso afetou a minha vaidade.

Bom, mais isso são águas passadas. Depois que conheci você passei a ver vida de outra forma. Com olhar poético.

Já me disseram que sou como o vinho, que melhora com a idade.

Já descobri que ser responsável é viver bem o dia de hoje e respeitar os limites dos outros.

Descobri que trabalhar é bom para viver e não viver para trabalhar.

Bom, quanto a ser gorda, tem suas vantagens e desvantagens,

Se sou gorda tenho rosto sem rugas, mas o corpo reclama do excesso de peso, me deixando com ar cansado. Melhor é dar um jeito de viver entre os extremos.

Obriagada PRISTIQ

Alcinete Gonçalves
Enviado por Alcinete Gonçalves em 19/12/2017
Reeditado em 19/12/2017
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