DE REPENTE TUDO SE ECLIPSOU.
Imaruí, SC 17 de agosto de 2007
Senhora Glauci Maria Salzone,
(Chandinha)
Na verdade, o que eu pretendo escrever agora, já deveria ter escrito há muito tempo e remetido a ti.
Não sei se estava me faltando coragem ou oportunidade, mas o fato é que eu teria de tomar essa decisão antes que fosse tarde, porque a indecisão é a pior das decisões.
Entretanto, agora, não é mais necessária a tal decisão, pois tu já a tomaste sabiamente através do teu e-mail de 15/08/07, e assim, poupaste-me dessa amarga e difícil missão.
É muito doloroso a gente chegar a essas alturas de um relacionamento e descobrir que, na verdade, o sentimento não estava se sustentando por si mesmo, advindo daí que com toda certeza, não haveria um futuro promissor.
Ou melhor, que esse relacionamento da forma como estava se apresentando e, se fosse vivido de fato e de direito, não teria como ajustar-se e harmonizar-se serena e pacificamente, assim como estávamos nos propondo.
É preferível errar agora com essa avaliação, do que perceber mais tarde que estava completamente enganado.
E, se essa avaliação for enganosa também, como uma ação emotiva e precipitada, eu acredito que sempre haverá um momento para a reflexão e o desagravo.
Se essas dúvidas persistiam, notadamente é sinal de que alguma coisa teria de ser feita, porque o tribunal íntimo da consciência, por certo, iria sempre reclamar uma ação.
Eu não gosto desta situação, porque não me sinto muito bem agindo assim, mas sinto que foi necessária a tua decisão e isso me maltrata sobremaneira, pois afinal de contas somos humanos.
Ah, como eu gostaria que tudo isso fosse diferente para não ser preciso uma decisão dessa natureza, pois eu vivia mergulhado em dúvidas e não tinha certeza de que era isso que eu queria, mas no íntimo desconfiava que tu também estivesses desejando a mesma coisa.
Terminar um relacionamento é difícil porque, afinal de contas, estamos tratando de sentimentos e não sabemos avaliar como as partes envolvidas sofrem nesse estágio, mas o que não pode ser feito é adiarmos a decisão.
Quando uma relação não vai bem, nós pensamos em diversas maneiras de encerrar, inclusive, damos muitas voltas no assunto e, muitas vezes, deixamos para decidir depois, principalmente quando o afeto já dura algum tempo.
É óbvio que se esta situação estava passando pela minha cabeça e pela tua, é sinal de que alguma coisa já não ia lá tão bem.
O que houve foi o afloramento de sinais de desgaste aparente e, isso não tem como ser contornado, e que apenas estávamos sendo cordiais e educados até que a bolha estourou.
Afinal de contas, era muito prazeroso ter alguém para conversar à noite e, nessas conversas, estávamos nos descobrindo mais amiúde.
E, depois de certo tempo, fomos nos comportando com alguma impaciência e intolerância, eu confesso que o pecado foi de ambas as partes.
O melhor é decidir agora, e não padecer mais tarde com o surgimento de uma situação indesejável e dolorosa.
Tudo foi muito lindo, maravilhoso, entretanto, não percebemos que estava faltando alguma coisa, e que estávamos nos acorrentando sem pensar nas conseqüências.
Por fim, descobrimos que tínhamos a chave para nos livrar da corrente que nos prendia.
Então, vamos dar um tempo e esperar que esqueçamos, pois se estamos assim tão banhados em dúvidas e exigências, é melhor darmos uma trégua em vez de ficar nos atritando em vão, a não ser que seja birra ou orgulho das duas partes, mas o tempo também se encarregará disto.
Au-Revoir!
Je suis désolé!