Meu pai e as 29 cartas de dezembro. Dia 14 de dezembro.
Oi, Pai.
Estamos caminhando para metade das cartas, esse diálogo, me fará falta. Não vou reescrever ou acrescentar novas cartas depois que terminar, mas, posso reler cada uma delas, confesso que escrevo e não as leio, apenas, passo uma vista rápido nos erros de grafia, coisa que não consigo admitir, Michael mas, escrevo todas no celular, pois, acidentado, a oito meses, sem sair da cama, não tenho acesso a um computador.
Recordo como se fosse agora, dois aniversários muito especiais que o senhor me proporcionou, um foi uma grande surpresa, estou falando de 13 de junho de 1987, o senhor chegou ao fim da tarde, quase noite, de táxi, me trazendo uma festa surpresa, uma torta, refrigerantes e sanduíches, eu, naquele dia, vestia uma camisa do snoopy, naquela data, completei,oito anos de idade e jamais esqueço da emoção, a exatos 30 anos, quem diria que aos 38 o senhor não estaria presente.
O outro foi um presente maravilhoso, no dia 13 de junho de 89, o senhor chegou do trabalho e me trouxe um livro, chamava-se Meu livro de histórias bíblicas, cheio de ilustrações lindas, sempre dava destaque a história do profeta Jonas e a Baleia e eu lia para o senhor, sempre, com muita felicidade, pois, estava tendo o prazer, de contar histórias ao senhor.
Lembro ainda da impressão que tinha, era, de que o senhor, conhecia tudo, eu, buscando palavras novas para enriquecer meu vocabulário e todas as palavras o senhor, já conhecia.
Sempre admirei o senhor datilografando sem olhar para as letras e sempre tão rápido e preciso, hoje pai, seu neto, meu filho, olho com a mesma admiração quando está no notebook.
A cada carta a saudade e o vazio que o senhor me deixou aumenta.
Te amo demais Jonas, as cartas vão continuar.