Meu pai e as 29 cartas de dezembro. Dia 5 de dezembro.
Lá vamos nós, pai.
Estava, eu num dia comum de trabalho, quando vejo uma mensagem de minha mãe em meu telefone(isto em meados de dezembro de 2015), a mensagem falava assim:
Meu filho, não se preocupe com a ligação de seu irmão.
Confesso, na hora, não entendi, mas, fiquei curioso, daí, ligo para sua casa pai, mamãe, me informa que o senhor estava se sufocando, que já havia feito massagem, mas, o refluxo, era constante. Me falou ainda, que já havia ligado para o samu para encaminhar o senhor para o hospital, então, fiquei visivelmente abalado e liberado, me dirigi ao hospital e lá encontrei minha irmã , porém, nenhum sinal da chegada de vocês.
Ligo para mamãe e ela me diz que o senhor melhorou e havia desistido do samu, então, minha irmã e eu, embarcamos no coletivo para irmos a sua casa, mas, ainda no caminho, recebo a ligação de mamãe e ela me diz que o samu chegou e estava a caminho do hospital, não pestanejamos e retornamos.
Chegando ainda primeiro que o samu.
Após outra espera, chega a ambulância e vi uma cena que dificilmente esquecerei, mamãe aos prantos, despedaçada e o senhor na maca, me controlei.
Pouco tempo depois, vejo uma oportunidade e adentro ao hall da sala vermelha onde o senhor estava sendo atendido, vi, o senhor, nenhum esboço de reação e muito sangue no chão, a enfermeira me vê e me repreende por estar ali, mas, nessa oportunidade falo com o médico e ele com palavras sinceras e objetivas, me diz, que possivelmente o senhor não iria aguentar ser transferido a outro hospital, mas, era a necessidade imediata, pedi que o o médico não repassasse essa informação para mamãe, por conta de seu estado abalado.
Passei na recepção e sai, quando cheguei ao lado externo do hospital, soltei o choro e busquei me refazer, para não ser notado.
O senhor resistiu pai, com bravura a mais essa queda, como já havia dito, passamos o reveillon 2015/16 com senhor no hospital, não estávamos em clima de confraternizar, mas, era importante, foram muitas lágrimas.
Seu problema pai, foi a falta de uma cama adequada.
Mas, Deus é vivo e me abençoou com o recebimento da doação de uma cama hospitalar, fui buscar de um casal de irmãos, que doaram, mesmo sem nos conhecer.
Neste dia, não fui trabalhar, meu irmão pintou a cama e a montou, quando o senhor teve novamente alta, teve o conforto necessário em sua nova cama.
Obrigado Deus.
Pai, as cartas vão continuar...