Meu pai e as 29 cartas de dezembro. Dia 2 de dezembro.
Como estava dizendo,
...não estranhei, não tinha como adivinhar que seria único aquele momento.
Sabe, pai, embora, possa ter sido para o senhor um momento constrangedor, para mim, ficaria eternizado.
Voltei a trabalhar e fui demitido, logo, na primeira semana de marco daquele ano.
Quando dei a notícia, notei seu ar de preocupação, estava estampado em seu rosto, mas, o senhor sempre acreditou em mim, bem o fato, é que como de costume, não aproveitei para passar mais tempo ao seu lado, sempre que nos falávamos, era, o senhor deitado naquele sofá e me falando:
Sua mãe está na cozinha, sua mãe saiu, tem carne? Ou coisas assim.
O fato é que dias de muita luta, sofrimento viriam logo.
Eu, em minha casa, ligo para sua e lhe pergunto:
Pai, mamãe saiu foi?
O senhor atendeu o telefone com um ar estranho, não atendeu, com seu alô especial e único, apenas, me respondeu de forma incisiva e um pouco áspero, chegando a me confundir com meu irmão, isso ocorreu no dia 9 de junho de 2015.
Mais tarde no mesmo dia, ligo para o celular de mamãe e pergunto, se o senhor estava chateado comigo, pois, nunca falou assim comigo.
Aí na hora que eu estava quase para tomar banho, mamãe me liga e me informa, que o senhor havia sido socorrido, pergunto a ela, se queria que fosse para o hospital e ela disse que não precisava.
Então, Não fui, mas, dia 11 o senhor ainda estava na emergência do hospital do exército, então, eu, fui.
Lembro que quando cheguei, o senhor estava dopado de remédios e quando acordou estava confuso, acompanhei o senhor para um exame e o senhor dizia:
Meu Deus, o que fiz, para merecer isso?
Santa Edwirges, Não me abandone.
Tive a impressão que o senhor não me reconheceu.
Ao sair do hospital já a noite, com minha mãe, já que minha irmã ficou como sua acompanhante, minha mãe me falou que foi avc, então, só quando cheguei em casa, me caiu a ficha e senti que algo havia mudado e não como voltar atrás.
As cartas continuarão...